São Paulo, domingo, 21 de agosto de 1994
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Moderação não afasta dúvidas

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Nem toda a moderação de Vitor Buaiz impede que se façam, no Espírito Santo, as mesmas perguntas que rondam a cabeça de muita gente em relação a um eventual governo Lula no Brasil.
Exemplo 1 - O prefeito de Ibiraçu reuniu-se com o petista, disposto a apoiá-lo. Mas, desconfiado, perguntou: "Se você ganhar, quem vai mandar aqui na cidade não é o vereador do PT, que vive me atacando?".
Exemplo 2 - Em reunião com empresários da construção civil, Buaiz foi interrogado sobre a hipótese de transformar o Estado em "laboratório" de um futuro governo petista no país.
Para os dois casos, Buaiz responde com o seu próprio comportamento como prefeito. "A oposição vinha mais do PT do que dos outros", queixa-se.
Tanto vinha que a direção municipal vetou o candidato que Buaiz escolhera para disputar a sua sucessão (seu vice). O partido perdeu a disputa em 92 e Buaiz correu o Estado, reestruturando o partido e aproximando-o mais de sua própria imagem.
"Chegar ao poder chega a ser uma ameaça para a nossa militância porque o partido nasceu mais para colocar em xeque do que para ser colocado em xeque", filosofa Buaiz.
Dessa experiência, nasceu a sua convicção de que é fundamental, para um governante, conquistar acima de tudo a confiança dos governados, ricos ou pobres.
"Se o cidadão tem confiança no governo, paga os impostos porque sabe que virá o retorno. O imposto se torna uma espécie de investimento que o sujeito faz", diz.

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