São Paulo, domingo, 21 de agosto de 1994
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Motoserras derrubam floresta submersa

ABNOR GONDIM
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TUCURUÍ

A Eletronorte enviou, durante a semana, cem cartas a madeireiras nacionais e do exterior para que participem da remoção da madeira submersa no reservatório da Hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins (Pará).
A empresa é a estatal do governo federal responsável pela geração de energia na região Norte.
As cartas pedem para que as madeireiras se interessem pela licitação –publicada dia 15 no "Diário Oficial da União"– para a extração das árvores mortas no lago.
A Eletronorte estima que haja no reservatório cerca de 6 milhões de metros cúbicos de madeira.
A área de 423 mil hectares (três vezes maior do que Belém) foi inundada, em 1984, para movimentar as turbinas de Tucuruí (PA), a segunda maior hidrelétrica do país, depois de Itaipu (PR).
Segundo o madeireiro Luiz Gonzaga Medeiros, do Sindicato das Madeireiras de Tucuruí, as árvores submersas dariam para encher 300 mil carretas com toras.
"Os garimpeiros cavam a terra para achar ouro e vamos mergulhar para recuperar um tesouro, que é a madeira, responsável pela geração de empregos", disse o madeireiro.
A madeira não foi retirada antes da inundação, em parte, devido ao fracasso da Agropecuária Capemi.
A empresa faliu, em 1983, em meio a denúncias de corrupção, após ser contratada pelo extinto IBDF, hoje Ibama, para limpar a parte da área que foi inundada.
Os madeireiros de Tucuruí acreditam que vão encontrar no lago toras deixadas pela Capemi.
A concorrência atinge 120 mil hectares, quase a metade do lago.
A Eletronorte cobrará das madeireiras, no mínimo, 10% do valor comercial das árvores. Vencerá quem oferecer o melhor percentual acima do limite mínimo.
"Queremos possibilitar a exploração de um recurso que estaria perdido", afirma o chefe do Departamento de Meio Ambiente da Eletronorte, Osmar Vieira Filho.

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