São Paulo, domingo, 21 de agosto de 1994
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O bafo da política

DEMIAN FIOCCA

Há quem diga que até as eleições não há mais economia, existe apenas a política. Apostar na Bolsa de Valores, por exemplo, é tentar adivinhar o resultado da próxima pesquisa.
Mas nas atuais discussões persistem, ainda que subliminarmente, os temas econômicos. No debate sobre se o plano "vai dar certo ou não", se é um "estelionato eleitoral ou não", expressam-se –de modo impreciso e intuitivo– questões de fundo captadas só difusamente, dada a pobreza da discussão pública dos programas.
No recente debate da TV Bandeirantes, a saudável pressão de jornalistas e dos demais candidatos permitiu confrontar as promessas genéricas aos compromissos de cada um.
Nada mais necessário em um momento no qual os dividendos da queda da inflação mantêm praticamente no anonimato o programa do favorito nas pesquisas. Enquanto a maioria da população apoia Fernando Henrique na esperança imediata de "uma vida melhor", a chamada elite vê nele o condutor de reformas consideradas necessárias, porém impopulares.
Conhecer mais exatamente cada programa é fundamental em um país que almeja um novo ciclo de crescimento, mas que não pode seguir a contornar a miséria expulsando-a de debaixo dos viadutos.

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