São Paulo, domingo, 21 de agosto de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Instabilidade marca processo eleitoral
ANTONIO CARLOS SEIDL
Autores de uma análise das eleições –Decisão Cidadã 1994–, eles lembram que até 1988 a eleição no México se caracterizou por um processo conhecido. O candidato do PRI (Partido Revolucionário Institucional) não era contestado pelos membros do partido, e seu triunfo frente a uma oposição com pouca força assegurava a transmissão relativamente harmoniosa do Poder Executivo. Em 1994, observam, a campanha foi marcada por surpresas que deixaram um saldo de instabilidade e incerteza. O primeiro fato inusitado foi a rebeldia de um dos possíveis candidatos do PRI, Manuel Camacho Solís, frente à indicação de Luis Donaldo Colosio Murrieta como candidato do partido situacionista. O segundo elemento novo foi a onda de violência, que começou com o levante do movimento indígena Exército Zapatista de Libertação Nacional, em Chiapas, no sul do país, em 1º de janeiro. A guerra que se sucedeu entre os rebeldes e as forças de segurança, a série de bombas e ameaças de bombas em várias cidades do país e uma onda de sequestros colocaram o clima eleitoral sob tensão nos primeiros meses do ano. Essa situação atingiu seu ponto culminante em 23 de março passado, quando o candidato do PRI à Presidência foi assassinado. O crime ainda não foi esclarecido. A partir da indicação de Ernesto Zedillo Ponce de León, a tensão, embora sem desaparecer, pelo menos diminuiu consideravelmente. O terceiro elemento de mudança no processo eleitoral foi a luta de partidos políticos e organizações não-governamentais por eleições transparentes. O resultado concreto desse esforço foi a reforma das leis eleitorais, o controle das eleições por observadores mexicanos e visitantes estrangeiros, a fiscalização estrita dos gastos de campanha e a busca de igualdade no uso dos meios de comunicação. Os cientistas políticos destacam como um marco a realização, pela primeira vez, de um debate televisado entre os três principais candidatos, no dia 12 de maio passado. O debate não só trouxe de volta a atenção à campanha eleitoral –até então em segundo plano devido à violência–, mas também mudou as preferências eleitorais. Colocou o candidato do PAN, Diego Fernández de Cevallos, como a segunda força, deslocando o candidato Cuauhtémoc Cárdenas, do PRD para o terceiro lugar. Texto Anterior: Eleição será teste para democracia mexicana Próximo Texto: O mito do terrorista tem origem no covarde Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |