São Paulo, domingo, 21 de agosto de 1994
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O criador de ilusões age no "Castelo"

MARCELO DE SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 19/09/94

Diferentemente do que foi publicado, o programa "Boyzeróis", da TV Cultura, não se encontra em fase de pré-produção. A viabilidade de sua produção aindfa está sendo sendo estudada. O criador de ilusões age no "Castelo"
Quando era criança, Sílvio Galvão tinha inveja de Deus. Hoje, aos 30 anos, não precisa mais. Passou, ele mesmo, a ser uma espécie de deus. Pelo menos no departamento de efeitos especiais da Cultura, onde concebe suas criações.
Suas obras podem ser vistas diariamente na superprodução infantil "Castelo Rá-Tim-Bum". Bonecos, maquetes e os objetos que enfeitam o suntuoso castelo foram criados e executados por sua equipe, em um trabalho sem similar na TV brasileira.
Galvão chegou a São Paulo vindo de Vitória da Conquista, aos 18 anos (leia texto ao lado). Trabalhando como bancário, estudava teatro e criava vitrines para as sofisticadas lojas dos Jardins.
Em 1988, não tinha terminado nenhum curso superior mas, com seus monstrinhos na sacola, foi tentar a sorte na Cultura. Assim que o diretor de arte viu suas criações, Galvão nunca mais saiu da emissora.
Começou fazendo figurinos e adereços de cena para o infantil "Bambalalão". "Era isso que faltava ao programa", elogiavam.
Aos poucos, foi criando o respeito necessário ao seu trabalho –extremamente minucioso e intuitivo. Ganhou, junto à equipe, um prêmio no Festival de Nova York pelas vinhetas "Lucas e Juquinha", que tratavam dos cuidados necessários em casa com as crianças.
Hoje, é o responsável pelo primeiro departamento de efeitos especiais da TV brasileira, criado em 1992.
Aos que acreditam que "efeitos especiais" são aqueles resultados surpreendentes criados em computador, Galvão responde com um redondo "não". "A idéia de se ter um departamento destes é criar ilusões através de técnicas simples e caseiras –e, por isso, criativamente bem resolvidas."
A técnica mais utilizada é fazer miniaturas de objetos inviáveis de serem feitos em tamanho natural. Por exemplo, em um dos episódios que vai ao ar em breve, os personagens do "Castelo" fazem uma viagem pré-histórica. A equipe de Galvão construiu o cenário e os dinossauros em miniatura –com grande perfeição de detalhes.
Depois, juntaram a imagem gravada dos dinossauros –movimentados manualmente– com a imagem das crianças. Esta técnica, também muito usada, é chamada de cromaqui –que consiste em gravar duas cenas em separado, juntando-as depois na edição.
"A diferença entre usar efeitos computadorizados e caseiros é que, enquanto no primeiro caso o resultado é frio e sem graça, no segundo, os detalhes artísticos é que contam", diz Galvão. "Os estúdios de Hollywood valorizam muito a utilização de miniaturas e bonecos."
Além dos efeitos do "Castelo", Galvão e sua equipe já estão pensando nas maquetes do novo infantil que a Cultura produzirá em breve, "Boyzeróis".
Paralelo a isto, Galvão sonha em realizar um de seus maiores desejos: recriar o seriado "Sítio do Pica-Pau Amarelo", na Cultura.
Ele ainda não viabilizou o projeto mas já tem todo o cenário na cabeça: o novo sítio da dona Benta, a caverna da Cuca e o reino das Águas Claras. Os órfãos do seriado exibido pela Globo e os fãs de "Castelo Rá-Tim-Bum" adorariam.

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