São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Quanto custam boas intenções

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – Difícil discordar das metas contidas no plano de governo de Fernando Henrique Cardoso, previsto para ser oficialmente divulgado na próxima semana. Muito cuidado, leitor.
As prioridades gerais são corretas: agricultura, educação e saúde. E, dentro de cada um desses setores, a prioridade também é correta. Em educação, por exemplo, ensino básico. Na saúde, mais atenção à medicina preventiva. Na agricultura, estímulo à produção mais barata da cesta básica.
A verdade: tirando um ou outro ponto, todos os candidatos assinariam embaixo do programa. Inclusive Luiz Inácio Lula da Silva. Até aqui, porém, é uma coletânea de boas intenções. Ainda não se sabe e nem se divulgou de onde vai sair o dinheiro para tantas realizações.
Fernando Henrique será a continuação do governo Itamar Franco. Os problemas permanecem. A inflação não está estabilizada e projeta-se um rombo no Orçamento. A tradução: não há dinheiro. E a prova disso foi o aumento da mortalidade infantil, entre outros motivos, por falta de remédio em posto de saúde.
Agora mesmo o ministro da Educação, Murílio Hingel, tenta desesperadamente a liberação de R$ 250 milhões, conforme determina a lei, para o ensino básico. Não teve por enquanto sucesso.
Para se atingirem as metas em educação e saúde, será necessário um dreno constante de dinheiro, numa articulação com Estados e municípios, fontes de crônico desperdício.
Enquanto mostrarem as fontes de recursos, o programa serve como lance de marketing (competente, diga-se) para atrair leitores e tentar neutralizar o discurso social do PT.
PS – Recebi carta da Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (Anabb). Registro um trecho: "Ainda que os salários dos funcionários do Banco do Brasil estejam acima da média salarial do setor privado, não nos parece pertinente tal comparação. Não se trata de menosprezar o trabalho dos companheiros empregados em bancos privados, mas de remunerar justamente as 'melhores cabeças', como bem observa sua coluna".

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