São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994
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Visitas a Estados não se traduzem em votos para os presidenciáveis

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

As pesquisas de opinião não têm refletido o esforço dos candidatos à Presidência em conquistar votos através de visitas aos Estados.
A última pesquisa Datafolha indicou que Fernando Henrique Cardoso (PSDB-PFL-PTB) tem seu melhor índice (50%) nas regiões Norte e Centro-Oeste, exatamente onde menos fez campanha.
FHC visitou apenas sete cidades em 3 dos 10 Estados do Norte e Centro-Oeste (Mato Grosso, Pará e Goiás).
Em compensação, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) perdeu votos em São Paulo, Estado onde concentrou suas viagens nos últimos três meses.
Lula visitou 38 cidades paulistas no período, número recorde entre os quatro candidatos mais bem colocados nas pesquisas.
Na pesquisa Datafolha realizada entre os dias 9 e 13 de junho, Lula tinha 36% de intenção de voto em São Paulo. Nos dias 14, 15 e 16, o candidato fez sua primeira caravana pelo interior do Estado.
Apesar das viagens, Lula caiu para 31% na pesquisa feita em 5 de julho. No meio do caminho, no dia 1º de julho, entrou em circulação a nova moeda, o real.
O plano econômico, lançado na gestão de FHC no Ministério da Fazenda, parece ter quebrado a relação entre intensidade de campanha e índice de votos.
No segundo turno da eleição de 89, Fernando Collor percorreu 42.283 km contra 29.395 km de Lula. Collor visitou 46 cidades, e Lula, 32. E fez 24 comícios –seis a mais que o candidato petista.
Quando começou as caravanas da cidadania, em abril de 93, Lula tinha 22% das intenções de voto e era lembrado por 10% dos eleitores na pesquisa espontânea (sem apresentação de nomes).
Um ano depois, tinha 36% na pesquisa estimulada (com nomes) e 20% na espontânea.
Assessores do candidato atribuem o crescimento basicamente às seis caravanas feitas no período.
Depois do real, as viagens não surtiram o mesmo efeito. Lula voltou a percorrer cidades de São Paulo em meados de julho e de agosto. E, desde maio, aumentou o número de visitas a municípios de Minas, Rio e Espírito Santo.
Mesmo assim, caiu para 21% de intenções de voto no Sudeste e viu sua rejeição subir para 34% na região, índice inferior apenas ao de Leonel Brizola (PDT).
Orestes Quérica (PMDB) também concentrou sua campanha em São Paulo, com visitas a 34 cidades. Como resultado, passou de 13% para 11% nas pesquisas.
229 municípios
A partir de maio, quando a campanha eleitoral se intensificou, Lula, FHC, Brizola e Quércia visitaram pelo menos 229 dos cerca de 5.000 municípios brasileiros.
O Estado mais visado foi São Paulo, berço político de Lula, FHC e Quércia e maior colégio eleitoral do país.
Brizola, que tem um alto índice de rejeição em São Paulo, visitou apenas a capital do Estado. Preferiu concentrar forças no Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, dois Estados que governou.
O Paraná, sexto Estado em número de eleitores, foi o segundo mais visitado por FHC, depois de São Paulo. Também recebeu atenção de Brizola, que esteve em nove cidades paranaenses.
O candidato tucano visitou ainda duas cidades gaúchas e quatro catarinenses. Mas continua com sua pior performance no Sul: teve 36% nas duas mais recentes pesquisas Datafolha, enquanto Lula passou de 24% para 25%.
O Ceará, reduto eleitoral do PSDB, foi o quarto Estado mais visitado por FHC.

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