São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994 |
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Aposentados são a elite na Paraíba
ADELSON BARBOSA
Segundo o INSS da Paraíba, Rio Tinto é o município que tem o maior índice de aposentados do Estado: 31,83% da população de 27.127 habitantes. Eles ganham pelo menos um salário mínimo e são responsáveis pelo movimentação do comércio na primeira quinzena de cada mês, quando recebem o benefício. "Eles são privilegiados. Podem até ser considerados ricos", disse o superintendente do INSS, Telmano Japiassú. Segundo ele, cada aposentado está recebendo meio salário mínimo a mais, em razão de uma diferença devida pela Previdência. "Quase todos recebem hoje o equivalente a 1,5 salário mínimo. Este salário é considerado alto se for comparado com os salários pagos pela Prefeitura, por exemplo, que não paga o mínimo", afirmou Japiassú. Os "ricos" de Rio Tinto seriam o prefeito, o juiz, o promotor, vereadores, alguns fazendeiros, funcionários de órgãos federais e estaduais e comerciantes. Os pobres são os desempregados, trabalhadores rurais e funcionários municipais. Além de ganhar o salário mínimo, quase todos os aposentados têm casas, pelas quais pagam taxas apenas simbólicas. As casas são da Companhia de Tecidos Rio Tinto, pertencente à família Lundgren, que foi a grande empregadora do município. A fábrica de tecidos hoje está desativada. Ela é responsável pelo grande número de aposentados em Rio Tinto. A cidade se tornou pequena para o grande número de aposentados. O INSS teve de descentralizar o pagamento. O Banco do Brasil faz o pagamento de cerca de 4.000 aposentados em um ginásio de esportes porque a agência não comporta tanta gente. Entre 150 e 200 aposentados recebem o pagamento em conta-corrente e os outros vão às agências do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Bradesco da vizinha cidade de Mamanguape. Atualmente, os aposentados injetam no fraco comércio de Rio Tinto cerca de R$ 900 mil por mês, conforme dados fornecidos pelo INSS. "O movimento no comércio acontece na primeira quinzena de cada mês. Nos outros 15 dias, quase nada é vendido"', disse o aposentado Pedro Alves de Carvalho, 68, dono do maior mercadinho de Rio Tinto. Segundo ele, quem quiser lucrar tem de vender a crédito. Ele disse sentir saudades do tempo em que a Companhia de Tecidos Rio Tinto empregava 10 mil pessoas. "Aqui já foi bom demais. O comércio era muito movimentado o mês todo. Hoje, para se ter uma idéia, dos cinco caixas que eu tinha no meu mercadinho, apenas um está funcionando e já é demais", disse. "Mesmo assim, os aposentados são a salvação". Em Rio Tinto, os aposentados passam o dia conversando na porta das casas ou trabalham na roça para ajudar no sustento das famílias. Geralmente eles sustentam os filhos adultos ou criam netos. Texto Anterior: Cai imposto de carro e arrecadação sobe 30% Próximo Texto: Eletricista ganha R$ 16 ao mês Índice |
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