São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994
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Eletricista ganha R$ 16 ao mês

ADENILSON BARBOSA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JOÃO PESSOA

Severino Soares da Silva, 38, diz que não passa fome graças à ajuda que vem recebendo da sogra aposentada.
Ele trabalha como eletricista na Prefeitura de Rio Tinto e ganha um salário de R$ 16,00 por mês. Com esse dinheiro ele tem que pagar água, luz, aluguel e sustentar a mulher e dois filhos.
"A gente só não morreu de fome até agora porque a minha sogra, de 73 anos, que já é aposentada, nos dá de comer", afirmou.
Paulo Félix de Souza também vive da aposentadoria de um salário mínimo.
Para completar o orçamento, trabalha como barbeiro em uma sala no centro da cidade. Com o dinheiro que recebe, ele dá ajuda aos filhos e aos netos.
Benedito Luiz Ferreira, 81, e Maria Iracema Ferreira, 73, são aposentados e dividem o que ganham com sete filhos. Todos casados e desempregados. Moram juntos em um sítio perto da cidade.
Ferreira disse que planta batata-doce e feijão em um terreno da indústria têxtil. É a maneira que ele conseguiu arranjar para não passar fome com a família. Nas horas vagas, seu passatempo é cuidar de pássaros que cria em gaiolas.
Luis Joaquim da Silva, 74, é aposentado há 24 anos. Sofreu um acidente de trabalho e perdeu a perna esquerda. Sua função era colocar lenha nos fornos da indústria têxtil em que trabalhava.
Hoje, recebe salário mínimo mensal e mora em uma casa alugada à indústria. A casa é feita de taipa e ameaça cair. As paredes da construção estão rachadas e as portas não fecham.
Ele mora com a mulher, Antonia Augusta, 65, também aposentada. Em um casebre vizinho, mora um dos sete filhos. No casebre, uma pessoa de 1,80 metro não consegue ficar de pé.
"Nós não passamos fome, mas vivemos no sufoco. Somos obrigados a comprar fiado", disse Silva.
Ele diz não ter condições de sair da casa onde mora. "A casa está quase caindo por cima da gente, mas não temos para onde ir."
(AB)

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