São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994
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Modelo único é questionado

LÚCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Como melhorar o ensino superior sem transformar as universidades em "escolões", onde os professores só repetem e se afastam da pesquisa?
Essa foi a principal questão do 1º dia de debate, do qual participaram os professores José Arthur Giannotti (Departamento de Filosofia da USP), José Augusto Guilhon Albuquerque, (Departamento de Ciência Política da USP), e Luiz Pinguelli Rosa (diretor da Coordenação de Programas de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro).
A existência de um modelo único de universidade é a causa da decadência do ensino para dois debatedores. "Temos 46 universidades federais e 53 institutos. E cada um deles tentou reproduzir uma universidade ideal. E é claro que não conseguiram", disse Giannotti.
A distribuição das universidades pelo país, a partir do governo militar, e a exigência de que todas elas sigam o mesmo padrão, segundo Giannotti, criou o que ele chama de "sistema canceroso".
Segundo ele, cada universidade tem que atender a uma demanda regional e deve haver compensações entre elas.
Pinguelli Rosa não concordou: "É bom que exista uma universidade como modelo a ser perseguido. A universidade tem que ter um padrão único. Ensino deve estar associado à pesquisa".
Guilhon Albuquerque concordou com Giannotti e disse que existe uma "fraude generalizada".
"Exige-se que todas as universidades funcionem voltadas para a pesquisa, para o ensino e para a graduação. Isso não acontece."
A prioridade, disse Guilhon, deve ser o ensino de graduação.
Para ele, as universidades têm que ser divididas em três modelos: 1) escola que dê formação humanística, 2) voltada para a formação profissional e 3) destinada à carreira acadêmica.
A destruição do modelo único traz, segundo Pinguelli, um perigo: a criação de "escolões".
"O professor que não acompanha o conhecimento científico vai ensinar uma coisa velha."
(LM)

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