São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994
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Dificuldade é acertar critérios

LÚCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

A necessidade de a universidade criar mecanismos de se auto-avaliar periodicamente foi a tônica principal do 3º dia de debate na Folha, realizado dia 11.
Participaram os professores da USP Eduardo Giannetti da Fonseca (Faculdade de Economia e Administração), Marilena Chaui, (Departamento de Filosofia) e Simon Schwartzman (Departamento de Ciência Política).
Segundo os debatedores, a criação de critérios próprios serviria para evitar um grande perigo: a introdução de uma avaliação externa e arbitrária, aplicada pelo governo, que poderia ser nociva por adotar critérios não-acadêmicos.
O problema ainda é definir que "indicadores" de qualidade usar. A eficácia da maioria deles pode ser contestada, na opinião de Marilena Chaui.
Marilena questionou a eficácia da avaliação feita com indicadores tradicionais, como citações em publicações científicas, livros publicados, participação em seminários.
"Na filosofia, por exemplo, pega mal publicar muito. Significa ou que se está reciclando artigos ou que há pouco pensamento, poucas idéias, pouca reflexão."
Para Schwartzman, a solução é criar um sistema de diferenciação de critérios. Cada área deveria ser avaliada diferentemente.
"A problemática que tem que ser enfrentada é como ter um sistema com a diferenciação, com a pluraridade das funções e de níveis de competência."
A mesma tese foi defendida por Giannetti da Fonseca. Para ele, "não há um indicador universal de qualidade".
"Como vamos medir um trabalho de física e outro em literatura francesa com o mesmo indicador?"
Giannetti da Fonseca afirmou que a avaliação tem que ser feita por "pares" (pesquisadores da mesma área), que não façam parte do grupo analisado.
"Me parece que há um acordo quanto a especializar os centros vocacionados para a pesquisa e não tentar fazer que todos os centros do país façam pesquisa."
(LM)

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