São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994
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Depois de agosto

DEMIAN FIOCCA

As projeções de inflação superiores a 5% em agosto, medida pelo IPC-r, surpreenderam os analistas nesta semana e colocaram a gestão econômica em situação delicada.
O aumento dos aluguéis e serviços, apontados como principais causas desse alto índice, mostram que persistem as pressões inflacionárias. A fragilidade financeira do Estado e a má distribuição de renda –também identificada como "conflito distributivo" ou "corporativismo dos sindicatos"– estão na origem dessas pressões.
Na ausência de medidas estruturais, porém, o combate à inflação tende a ser feito através da recessão. Recorrer a políticas contracionistas que aumentem o desemprego e quebrem pelo lado mais fraco as tensões salariais torna-se, portanto, uma perspectiva cada vez mais real –ainda que essas medidas sejam, por razões óbvias, postergadas até o final das eleições.
Mas antes e independentemente disso, restringir as vendas a prazo e desburocratizar as importações poderia ajudar no combate à subida de preços. As vantagens desses mecanismos residem no fato de que, ao contrário da política de juros altos, eles não custam ao Tesouro e não promovem uma transferência de recursos regressiva, de dinheiro público para os grandes detentores de riqueza.

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