São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994
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BC investiga possível burla do compulsório

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central (BC) está investigando uma possível manobra dos bancos para escapar do recolhimento compulsório, imposto pelo Plano Real.
Na entrada do real, o BC estabeleceu um recolhimento compulsório de 100% sobre os recursos aplicados nas contas correntes que superassem as médias registradas no mês anterior.
A queda da inflação produz uma preferência por moeda –os economistas chamam este fenômeno de monetização. E a maior parte da monetização, o dinheiro a mais que ficou nas contas correntes, passou a ser depositada obrigatoriamente no BC.
O BC estabeleceu que, no caso dos CDBs, o recolhimento seria de 20% sobre o montante que superasse as aplicações de junho.
Como souberam com antecedência da elevação do recolhimento compulsório –informação que vazou do BC antes de 1º de julho, lançamento do real–, os bancos poderiam ter se prevenido da medida simulando aplicações em CDBs –"inflando" o volume aplicado.
As suspeitas do BC surgiram este mês, quando foram recebidos os relatórios dos bancos sobre o movimento das aplicações financeiras. Os dados registram um volume de saques nos CDBs superior a R$ 3 bilhões.
Como não foi registrado ingresso de tal volume de recursos em outras aplicações ou nas contas correntes, a área técnica do BC começou a desconfiar que se tratavam de CDBs fictícios.
Ou seja, os CDBs simulados pelos bancos teriam cumprido o prazo de aplicação. As instituições, então, computaram os recursos como saques nas aplicações. A operação é chamada, no BC, de "CDB de espuma".

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