São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994
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Poupança perde R$ 360,5 mi em agosto

FIDEO MIYA ; MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

A caderneta de poupança perdeu R$ 360,5 milhões nas três primeiras semanas de agosto. A maior parte desse dinheiro migrou para aplicações mais rentáveis (fundos e CDBs). O consumo ficou com uma parcela marginal dos saques.
Este é o mapa do mercado financeiro no segundo mês do real, traçado pelos bancos e pela Abecip, que representa o setor.
Agosto deve fechar com perdas na poupança entre 2,5% e 3%, prevê João Batista Gatti, presidente da Abecip.
Os números da entidade mostram uma perda líquida de R$ 356,2 milhões até o dia 19 deste mês. Isso equivale a 1,06% do saldo de R$ 33,6 bilhões em julho.
O Banco do Brasil (BB), que não integra as estatísticas da Abecip, perdeu outros R$ 4,3 milhões, que corresponde a 0,06% do saldo de R$ 7,1 bilhões.
Os dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) confirmam a migração. A captação líquida (aplicações menos resgates) dos fundos de investimentos até o último dia 25 foi de R$ 1,1 bilhão, três vezes o valor dos saques da poupança.
"Cerca de 80% dos valores resgatados de nossas contas de poupança estão migrando para carteiras de fundos de investimentos e CDBs", afirma Jairo de Almeida Machado Jr., diretor de crédito imobiliário do Banespa.
Para ele, os 20% restantes foram para consumo e quitação de financimentos de imóveis.
Entre saques e depósitos, a poupança do Banespa perdeu R$ 78 milhões até a última sexta-feira, correspondentes a 4,29% do saldo de julho.
A poupança do Bemge registrou uma perda líquida de R$ 1,7 milhão até o último dia 25, equivalente a 5% do saldo de julho.
Houve, em compensação, um crescimento expressivo em fundos de renda fixa e CDBs.
"Fomos surpreendidos em agosto com um aumento de até 10% nas aplicações em CDBs e nos fundos de renda fixa", conta Ricardo Bueno, superintendente de controladoria do Bemge.
As novas aplicações somaram R$ 5 milhões em CDBs, R$ 600 mil em fundos de renda fixa e R$ 1 milhão em fundos DI.
O movimento dos poupadores não foi uniforme em todos os bancos. O Itaú registrou uma captação positiva de 0,28%, equivalente a R$ 10 milhões até o último dia 24.
Luiz Guimarães, vice-presidente financeiro do Banco Itaú, atribui esse ligeiro crescimento aos depósitos de menor valor.
"Os grandes e médios investidores que buscaram refúgio na poupança entre maio e julho estão voltando agora para os CDBs e fundos de renda fixa", diz Guimarães. Ele conta que, no Itaú, estas aplicações cresceram 15% até a semana passada.
No Banco Nacional, houve empate entre depósitos e saques na poupança até o último dia 17, quando o saldo permaneceu estável em R$ 818 milhões, segundo Walter Kuroda, diretor de planejamento financeiro.

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