São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994 |
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Presidente da Edusp propõe estratégias
SÉRGIO MICELLI
O problema, dito de uma forma simples é o seguinte: ao invés de a gente imaginar que estratégias nós temos para atrair o leitor, nós temos que imaginar que estratégias nós temos para incrementar, redimensionar, adensar, tornar mais rico, fecundo, o repertório do leitor que se pretende atingir. Quando eu imagino estratégias para atingir o leitor, sempre parto da idéia de que o mercado de livros é um mercado altamente segmentado, não existe o leitor, como não existe o eleitor também, como não existe uma opinião pública. Existem atitudes políticas e atitudes de consumo cultural lastreadas em uma série de características sociais e ninguém vai conseguir se desvencilhar disso. Então, a única política cultural consistente de um editor é imaginar seus instrumentos de apelo: pesquisas de mercado, de audiência, de recepção. Há diversos exemplos dessa tendência que está tomando conta do mercado editorial. Mas isso não é uma solução para a divulgação da produção mais complexa, da produção que é de escoamento mais difícil e também isso não pode se resolver através de uma estratégia de diluição, ou seja, de uma certa maneira caricaturar um artigo cultural, porque caricaturar um artigo cultural significa uma recusa aos foros da atividade cultura. A atividade cultural não é algo que a gente possa mastigar e digerir em qualquer sentido, mas ela tem fronteiras, ela tem um dimensionamento, ela implica numa série de condições para a sua prática e nenhum populismo político ou partidário ou eleitoreiro ou cultural ou ideológico vai resolver esse problema. Texto Anterior: Editores debatem futuro do livro Próximo Texto: Editor fala da demanda reprimida Índice |
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