São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994 |
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Editor fala da demanda reprimida
SÉRGIO MACHADO
A outra, que também acumulei, já vi por ter vivido alguns planos econômicos etc., é a de que existe uma grande demanda reprimida. Essa demanda reprimida é sobretudo reprimida por dois fatores: econômico, o que é mais ou menos óbvio, e psicológico. O livro, ao contrário de outras mercadorias, exige um certo estado de espírito para ser consumido e de fato aqui no Brasil nós não temos tido esse estado de espírito muito frequentemente. Primeiro, o livro é um produto que pessupõe disponibilidade de tempo, portanto, uma certa disponibilidade em relação às outras demandas do dia-a-dia. O livro, no mundo inteiro, sempre foi um veículo de ascensão e para isso é necessário que a sociedade valorize o conhecimento e o saber. E nós sabemos que aqui no Brasil as pessoas não acreditam mais ou não tem acreditado na possibilidade de vencer pelo valor. Agora, o terceiro raciocínio que eu queria colocar para animar um pouco é que em qualquer sociedade que se leia muito e que naturalmente tenha uma ponta da pirâmide social bem sofisticada, com livros de temáticas elitistas, tem forçosamente uma grande base popular. Eu acredito sinceramente que o hábito de leitura é um hábito que tem que ser exercitado, desenvolvido e tem que ser, por isso mesmo, prazeroso e de acordo com os diversos níveis de interesse da população. Acho que se a gente não levar em conta o popular, não vamos conseguir desenvolver o mercado como um todo. Texto Anterior: Presidente da Edusp propõe estratégias Próximo Texto: Bantin diz que livro é caro Índice |
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