São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994
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Rocco critica governo

PAULO ROCCO
ESPECIAL PARA A FOLHA

No momento, nós estamos passando por uma fase de tentar manter os atuais leitores. Mas, evidentemente, estamos pensando sempre em ampliar esse público.
Quando a gente fala de novos leitores passa necessariamente pelo hábito de leitura. E nós vamos falar então de dentro da política, começando pelo governo. Já que estamos numa época de eleições, vamos falar mal do governo.
As políticas econômicas nunca privilegiaram a educação, sempre passaram ao largo desse tema cultura. Nós não temos, por exemplo, ampliação das bibliotecas. É onde se formam novos leitores. Não existe uma política do livro.
Nós somos constantemente prejudicados dentro de uma política fiscal, dentro do Ministério da Economia, Fazenda, Economia ou da Previdência, nós somos incessantemente prejudicados por não haver uma política para o livro. Temos algumas benesses, mas não suficientes para que possamos ampliar esse público leitor.
Se nós analisarmos a evolução que está ocorrendo na política das editoras, se nós compararmos os grandes editores do passado –José Olympio, Alfredo Machado, Ênio Silveira– e os atuais editores, nós estamos vendo que todos vêm abrindo um caminho para a gente e nós estamos abrindo um caminho para os futuros editores. Hoje não se improvisa mais, o trabalho é muito mais planejado.
A política que as editoras utilizam na seleção de seus autores está cada vez mais preenchendo lacunas culturais que existiam no Brasil. Mas, infelizmente, esse crescimento tem sido muito mais horizontal do que vertical. Traduzindo: nós temos um aumento crescente de número de títulos publicados, mas nós estamos decrescendo na quantidade de exemplares publicados. Há alguns anos atrás, as primeiras edições normalmente eram de 5.000 exemplares, hoje, elas estão em 2.000, 3.000 exemplares. Nós estamos alargando a quantidade de títulos, os temas estão sendo ampliados, mas não os leitores.

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