São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994
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'Guerra angolana é por diamantes'

FERNANDO ROSSETTI
DO ENVIADO ESPECIAL

Diamantes e petróleo respondem por cerca de 90% das exportações de Angola. A cidade de Huambo, no centro do país, está em cima de uma das principais minas de diamante e tem vários poços de petróleo.
"A guerra angolana é por diamantes", afirma Eeben Barlow, que ajuda o governo eleito do MPLA (Movimento Popular pela Libertação de Angola) na luta contra os guerrilheiros da Unita (União para a Independência Total de Angola).
Huambo é o hoje o quartel-general de Jonas Savimbi, o polêmico líder da Unita. "Além de querer os diamantes, Savimbi é um megalomaníaco que faz guerra para manter seu poder", diz Barlow.
Nem sempre foi assim. Quando os angolanos conseguiram sua independência de Portugal, em 1975, após outra guerra civil que durou 14 anos, três grupos guerrilheiros passaram a disputar o governo.
O MPLA acabou vencendo, com a ajuda de milhares de soldados cubanos e armas soviéticas.
Na mesma época, a independência de Moçambique, do outro lado do continente africano, teve resultados semelhantes.
Ameaçada de ficar isolada por um cordão de países comunistas e com interesses econômicos contados em petrodólares e quilates, a África do Sul, então no auge da política do apartheid, começou a participar ativamente nas guerras.
Mandou soldados e deu treinamento, armas e informações para guerrilheiros "de oposição". Países europeus, como o Reino Unido, também deram sua ajuda.
Essa guerra atravessou a década de 80. No final de 1988, MPLA e Unita abriram negociações, na presença da ONU. Em 1992, ocorreram eleições gerais em Angola.
O MPLA ganhou e a Unita retomou a guerra, chegando a ocupar 70% do território angolano, segundo Barlow. Em Moçambique haverá eleições daqui a dois meses.
Membros das Forças de Defesa da África do Sul têm criticado, em jornais, a participação da Executive Outcomes na atual guerra angolana. Segundo eles, Barlow acirra as lutas e deveria sair de lá.
Ele afirma que "há gente corrupta dentro das Forças de Defesa que querem que a Unita vença a guerra para que eles continuem a receber diamantes".
(FR)

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