São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994
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'Efeito Zedillo' já estimula investimentos produtivos

ANTONIO CARLOS SEIDL
ENVIADO ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO

O efeito Zedillo já se faz sentir nas perspectivas de evolução econômica uma semana após a eleição que manteve o PRI (Partido Revolucionário Institucional) no poder.
Confiante de que o presidente eleito, Ernesto Zedillo, manterá o }salinismo (abertura econômica de Carlos Salinas), a Câmara Americana de Comércio prevê investimentos recordes.
Zedillo deixou claro que apoiará sua política econômica nos pilares do }salinismo: o Nafta (Acordo Norte-Americano de Livre comércio), a privatização, que poderá incluir a Pemex (Petróleos Mexicanos), e investimentos estrangeiros.
Analistas sugerem que a eleição de Zedillo pode dobrar os investimentos estrangeiros feitos no sexênio Salinas –o México atraiu US$ 49,8 bilhões de 88 a 94.
Segundo o Ministério do Comércio, de janeiro a julho ingressaram US$ 8,3 bilhões –60% para a Bolsa de Valores.
Deste total, os EUA participam com 63,2%, seguidos pelo Reino Unido (6,3%), França (3,9%), Suíça (3,9%), Alemanha (3,4%), Holanda (2,4%) e Japão (2,4%).
Para o CCE (Conselho Coordenador Empresarial), a estabilidade advinda da vitória de Zedillo fará os investimentos produtivos passarem os destinados à especulação.
Segundo Luis Germán Cárcoba, presidente do CCE, a evolução econômica não é uma miragem, porque o processo democrático era a última fase da receita para mudar a cultura produtiva do país.
Com o apoio do investimento estrangeiro, a geração de empregos deverá ser o objetivo número um, diz Germán Cárcoba.
Para o empresariado, o crescimento de 3,8% do PIB no segundo trimestre prova que a economia deu um virada de 180 graus, antecipando a vitória do PRI e um período pós-eleitoral sem violência.
Mas nem todas as vozes empresariais são de euforia econômica. Reconhecendo que a economia enfrenta problemas de contração da demanda interna por falta de liquidez e preocupados com o déficit na balança comercial de US$ 20 bilhões, há pedidos de cautela.
Vítor Manuel Terrones, da Câmara Nacional da Indústria de Transformação, disse que a euforia pelo resultado colocou o país ante o risco de superaquecimento econômico como resultado da necessidade de Zedillo cumprir programas sociais oferecidos na campanha.
Fernando Cortina Legarreta, da Confederação das Câmaras Industriais, disse que Zedillo está na encruzilhada de cumprir as ofertas políticas para melhorar }o bem-estar das famílias, lema da campanha, e reativar o crescimento.

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