São Paulo, terça-feira, 30 de agosto de 1994
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Programa terá mais emoção, diz Tendler

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DE CINEMA

O PT está trazendo como reforço de campanha o cineasta Sílvio Tendler, 44, um dos principais documentaristas brasileiros, autor de "Os Anos J.K." (1980) e "Jango" (1984).
Segundo Lula, candidato do PT a presidente, "não haverá programas de Sílvio Tendler; só vai ajudar". O programa continua coordenado por Paulo de Tarso Santos e dirigido por Carlos Azevedo.
Mas a presença de Tendler na equipe pode ser decisiva para a imagem do candidato do PT.
Ele fez questão de lembrar à Folha, a influência do cineasta francês Chris Marker em seu trabalho. Uma das especialidades de Marker é trabalhar com imagens fixas, uma das limitações da impostas pela lei eleitoral.
Esse trabalho é uma das esperanças do PT para mudar uma campanha em crise.
Folha - O que muda no programa de televisão do PT?
Sílvio Tendler - Havia um consenso de que o programa estava para baixo. A idéia é trabalhar mais com a emoção e com a idéia de líder de massas do Lula.
Folha - Como isso será feito?
Tendler - A lei tolhe a imagem em movimento. E isso tornou difícil passar a imagem de Lula. Então pensamos em fazer clipes usando imagens fixas, fotos. Essa será a minha parte no programa. É uma coisa que já existia no cinema, sobretudo no de Chris Marker, e que eu mesmo procurei usar na série "Anos Rebeldes" (exibida na TV Globo em 92).
Folha - Por exemplo.
Tendler - O primeiro programa foi ao ar no domingo. Trazia imagens da Caravana da Cidadania, narradas pelo próprio Lula, com um tom intimista. Mas não há uma receita. Cada clipe será diferente.
Folha -O Lula parece amargurado, desde que começou a cair nas pesquisas. Isso será levado em conta?
Tendler - O tom intimista da narração leva isso em conta. Mas o essencial é buscar uma linguagem que transmita a imagem real do Lula, a natureza de sua ligação com a massa e com o país.

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