São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 1994
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Saúde dá prazo a fabricantes de remédios

ALESSANDRA BLANCO

ALESSANDRA BLANCO ; CLÁUDIO CSILLAG
DA REPORTAGEM LOCAL

CLÁUDIO CSILLAG
Os fabricantes de substâncias vendidas como remédio para o fígado têm um prazo de dois anos para provar que seus produtos estão em acordo com critérios aceitos pela comunidade científica.
Essa é uma das determinações da portaria assinada pelo secretário da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, João Geraldo Martinelli, publicada no dia 26 de agosto pelo Diário Oficial.
A portaria define um "remédio para o fígado", ou hepatoprotetor, com base em seis características técnicas.
Uma delas, por exemplo, diz que um hepatoprotetor tem de ser eficiente no combate a intoxicações no fígado, o que, segundo os técnicos que definiram os critérios, nem sempre é o caso.
Segundo um parecer técnico, no qual a portaria se baseou, há no mercado "produtos exóticos", que contêm, por exemplo, extrato de fígado em pasta ou fel de boi.
Essas designações, segundo técnicos da Crame (Comissão de Assessoramento de Medicamentos e Correlatos), que elaborou o parecer, não têm valor científico.
A Crame fez um levantamento de todos os produtos vendidos como remédio para o fígado no mercado. Pelo levantamento, há 77 produtos, mas é provável que o número chegue próximo a cem.
Não foi feita análise química dos produtos, mas uma investigação da apresentação (bula).
Os fabricantes agora vão precisar provar que os compostos das substâncias estão de fato na fórmula do produto para, em seguida, demonstrar que as substâncias exercem o efeito indicado.
Os fabricantes que não conseguirem demonstrar que as drogas vendidas atendem às exigências especificadas na portaria terão o registro do produto cancelado.
O presidente do Sindusfarm (Sindicato da Indústria Farmacêutica em São Paulo), Omilton Visconde, considerou "coerente e prudente" a decisão do Ministério da Saúde.
"Os hepatoprotetores provocam uma sensação de bem-estar, mas não se pode saber ao certo qual é sua atuação e não se deve usá-los indiscriminadamente", disse.

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