São Paulo, quinta-feira, 1 de setembro de 1994
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Itamar faz desafio à Justiça Eleitoral

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Itamar Franco desafiou ontem a Justiça Eleitoral a provar o uso irregular da máquina governamental em favor do candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso.
"Que ele (o corregedor-geral eleitoral, Flaquer Scartezzini) abra 20 inquéritos, quantos ele quiser. Se ele provar ao presidente da República que a máquina está sendo utilizada, o presidente chamará a atenção daqueles que a estiverem utilizando", disse.
O presidente disse que não iria punir ou demitir quaisquer dos ministros denunciados pelo corregedor-geral eleitoral: Alexis Stepanenko (Minas e Energia) e AluIzio Alves (Integração Regional).
Itamar se irritou com os repórteres diante da insistência de questioná-lo sobre o uso da máquina. "Vocês estão insistentemente perguntando. Estão ficando até enjoados", reclamou.
Em seguida, Itamar devolveu a pergunta, mas respondeu ele próprio. "Qual máquina que está sendo usada? Imagina se tivesse nesse país reeleição para Presidente da República. O que se daria?".
Itamar pediu para que se apontasse onde a máquina está sendo usada: "Eu interrompo a utilização", disse. "Mas ela não está sendo utilizada", repetiu.
Anteontem, foi FHC quem fez críticas ao Ministério Público. O candidato afirmou que o mesmo rigor deveria ser usado pelo MP contra os anões do Orçamento.
Itamar disse que repreendeu Stepanenko por ele ter redigido três bilhetes defendendo o uso da máquina em benefício a FHC: "Evidente que ele errou", afirmou.
"Foi, no mínimo, um bilhete ingênuo, e o ministro já foi chamado a atenção sobre isso. Que ele não repita este bilhete. É de extrema ingenuidade", disse Itamar.
itamar disse que iria explicar mais uma vez que o cidadão Itamar apóia o senador Fernando Henrique, "mas que a máquina do goveno não está apoiando".
O corregedor-geral-eleitoral, Flaquer Scartezzini, disse ontem que a Justiça "tem a obrigação de apurar a verdade" sempre que surge alguma denúncia de irregularidade na campanha.
Scartezzini foi quem determinou, na terça-feira, a abertura de investigação judicial sobre o uso da máquina em favor de FHC.
Ele não quis comentar as declarações de Itamar: "Eu avalio o que vem à minha mão para ser julgado", disse Scartezzini.

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