São Paulo, quinta-feira, 1 de setembro de 1994 |
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Itamar com enjôo
NELSON DE SÁ
A decisão do corregedor foi confirmada logo cedo, no rádio. Fernando Henrique reagiu também cedo, com críticas magoadas. Na sequência, entrou o presidente. Concentrou-se ele nos jornalistas que estavam à sua volta. "Vocês estão insistentemente –eu já estou ficando enjoado– dizendo que a máquina está sendo utilizada. Qual é a máquina que está sendo utilizada?" Bem que tentaram responder, em burburinho que talvez citasse, por exemplo, os bilhetinhos do ministro Alexis Stepanenko, mas o presidente Itamar atropelou para prosseguir com o seu desabafo –empostando indignação. "Apontem onde a máquina está sendo usada que eu interrompo a utilização da máquina. (De novo sem esperar resposta:) Mas ela não está sendo utilizada." No meio do desabafo, nervoso, um ato falho. Disse o presidente: "Imagine se tivesse reeleição do presidente da República, o que é que não se faria?" Falando sem parar, Itamar não esclareceu ao que estava se referindo. Parece achar pouco o que está se fazendo, no momento. Reforço No mesmo dia em que Itamar Franco tornou público todo o seu "enjôo", o rádio registrou que ele estava para assinar a elevação do salário mínimo, isso a um mês da eleição, e a televisão registrou que ele encaminhou uma nova emenda determinando "reforço" de caixa aos municípios do país todo, isso a duas semanas da eleição. Quem paga Dois fatos para confirmar que as coisas não mudam, por aqui. O primeiro deles, manchete na televisão, foi que oficializaram a absolvição do último parlamentar acusado pela CPI do Orçamento, que já estava esquecida. O segundo, manchete no rádio, foi que estão para cair os agentes da Receita Federal que liberaram, sob pressão geral, a muamba dos tetracampeões, no Rio. Sarajevo "Mais um dia de terror no Rio", anunciou o Aqui Agora. Na sequência, imagens mostrando um cinegrafista do noticiário, acuado, atrás do poste, sob bala. Entrou pouca narração. E por alguns minutos tudo não passou de uma câmera parada, ou tremendo, com o barulho seco dos tiros, os cachorros latindo, a rua deserta. Tudo lembrança de Sarajevo. Texto Anterior: O mapa da derrota Próximo Texto: FHC convida Osiris para integrar eventual governo Índice |
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