São Paulo, quinta-feira, 1 de setembro de 1994
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USP estuda linchamentos

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir de análises de casos noticiados pela imprensa, o Núcleo de Estudos sobre Violência da USP traçou as diferenças entre linchamentos ocorridos nos centros das metrópoles dos registrados na periferia e pequenas cidades do interior.
No centro, normalmente, o linchamento não se concretiza. Ou seja, a polícia chega a tempo de evitar a morte da pessoa que está sendo espancada pela multidão.
Nestes casos, o motivo mais corriqueiro que leva à tentativa de linchamento é o roubo. Segundo o núcleo, a senha para o início da pancadaria é a frase "pega ladrão". Quem bate, muitas vezes, não conhece a vítima e nem sabe se realmente ela praticou o furto ou o roubo, de acordo com a USP.
No interior ou na periferia a cena é diferente. O linchamento se concretiza, realizado pela própria comunidade local –homens, mulheres e até crianças. O principal motivo para um grupo executar alguém, ainda segundo o Núcleo de Estudos sobre Violência, é o estupro.
Ao contrário do centro, na periferia os linchadores conhecem quem vai ser linchado e supostamente sabem o motivo pelo qual estão linchando alguém.
Tanto no centro como na periferia ou pequenas cidades a polícia tem como praxe não registrar ocorrências.
Uma curiosidade nas análises da USP: na Bahia a maior parte dos linchamentos é feita por taxistas. Não é raro essa categoria profissional linchar pessoas suspeitas de crimes contra taxistas.

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