São Paulo, quinta-feira, 1 de setembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Borges luta contra Popov no Mundial de Natação

ANDRÉ FONTENELLE
DA REPORTAGEM LOCAL

Gustavo Borges, 22, principal nome brasileiro no Mundial de Desportos Aquáticos, que começa hoje em Roma (Itália), não se acha favorito na sua especialidade, os 100 m, nado livre, que disputará na quarta-feira.
O brasileiro, prata nos 100 m na Olimpíada de Barcelona, em 92, reconhece o favoritismo do campeão olímpico e recordista mundial, o russo Alexander Popov.
No entanto, Borges acredita que o Brasil tem uma equipe forte em natação neste Mundial, com ele, Fernando Scherer e nomes como a revelação Luiz Eduardo Lima, 16.
Leia trechos da entrevista de Gustavo Borges à Folha.

Folha - Qual é a sua chance de vencer os 100 m nado livre?
Gustavo Borges - Eu não saberia dizer, porque tem muita gente boa. O Popov, sem dúvida, está nadando muito bem a temporada toda e está com as maiores chances de ganhar.
Folha - Fernando Scherer tem chance de medalha?
Borges - Acho que tem chance de chegar à final, também, e até de disputar uma medalha, lógico.
Folha - Scherer foi campeão mundial em piscina de 25 metros. Por que, na piscina de 50 m, ele não é favorito?
Borges - A piscina de 25 m é um pouco diferente. Tem viradas e o treinamento é outro. Na piscina longa, ele também nada muito bem, está no ranking mundial, mas está muito melhor ranqueado na de 25 m. É uma questão de treinar mais em piscina longa. Isso vem com o tempo.
Folha - Em relação a Popov, o que você apontaria como pontos fortes e fracos seus?
Borges - Os pontos fortes do Popov são a perna dele, que é muito forte, e uma eficiência muito boa de nado. Eu tenho uma eficiência boa de nado, mas a perna não é tão boa quanto poderia ser. Folha - Coaracy Nunes, presidente da Confederação, disse que essa é a equipe mais forte do Brasil em um Mundial.
Borges - Pode ser. Essa equipe está mais forte que em 91, na Austrália. É uma equipe muito boa.
Folha - Como explica os bons resultados da natação do Brasil?
Borges - Está vindo a recompensa do nosso trabalho. A Confederação e vários atletas, individualmente, têm patrocínio. A natação está no caminho certo, começando uma espécie de profissionalização.
Folha - Na Olimpíada de 96, em Atlanta (EUA), você vai ter 24 anos. A idéia de "veterano" acabou mesmo na natação?
Borges - Acho que está acabando. Veja o atletismo. Um atleta de 25 anos é considerado novo. Carl Lewis está aí, com trinta e tantos anos, ganhando uma grana muito boa e acho que não quer parar de correr. Vai correr enquanto conseguir. A natação, no Brasil, está começando a entrar nesse esquema.
Folha - Quando parar, em que pretende trabalhar?
Borges - Ah, ainda vai demorar muito para eu parar. Ainda não estou pensando muito nisso, não...
Folha - Analise suas chances em cada prova.
Borges - Na prova de 200 m, pretendo chegar entre os 16 –nunca entrei numa final nem em Mundial, nem em Olimpíada. Seria uma coisa muito boa. Na prova de 100 m, lógico, nadar da melhor forma possível. É minha especialidade. Na prova dos 50 m, se entrar entre os oito ou 16, também vou ficar muito feliz. Nos 50 m e 200 m, estou mais preocupado em superar meus melhores tempos do que com alguma colocação. E, no revezamento, a gente vai entrar com tudo para tentar disputar uma medalha.
Folha - Quais são os adversários no revezamento?
Borges - Tem EUA e Rússia, que estão mais ou menos garantidos em primeiro e segundo. Depois vêm a Alemanha, a Suécia e a gente. A Austrália também pode ter uma equipe boa.
Folha - Por que a natação, em um bom momento, não tem a mesma divulgação do passado?
Borges - A natação ainda está conquistando espaço na mídia, engatinhando. O futebol ainda está com muito espaço nas seções de esportes do Brasil.
Folha - Você treina nos EUA. Os que treinam no Brasil têm condições de atingir seu nível?
Borges - Acho que têm. Nessa equipe, dos sete, só dois estão treinando nos EUA, eu e o (Eduardo) Piccinini. Então, acho que o trabalho que está sendo feito no Brasil está de parabéns.

Texto Anterior: Capacete estaria fora dos padrões exigidos
Próximo Texto: Brasil tem mais chance de medalha em provas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.