São Paulo, quinta-feira, 1 de setembro de 1994
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Igual, menos uma semana

CLÓVIS ROSSI

SÃO PAULO – A rigor, nada mudou entre uma pesquisa Datafolha e outra. A oscilação de Fernando Henrique Cardoso (dois pontos percentuais a mais) é estatisticamente desprezível.
Pior para o PT, que trava uma corrida contra o tempo para evitar, antes de mais nada, que seu principal adversário ganhe já no primeiro turno. Se a eleição tivesse sido na segunda e terça-feira, dias em que o Datafolha fez o trabalho de campo, FHC já seria o presidente eleito da República.
Mas, ao contrário do que aconteceu em pesquisas anteriores, desta vez não parece haver ambiente de desânimo nos arraiais petistas. É claro que entusiasmo tampouco pode haver.
No campo oposto, igualmente não soaram clarins de triunfo, o que em parte se explica pela síndrome da cadeira (o fato de FHC ter posado como prefeito de São Paulo, em 1985, na véspera da votação, apenas para ver a cadeira que usou ser dedetizada por Jânio Quadros, afinal o vencedor).
Freudismos à parte, o que ajuda a entender porque o PT não ficou mais atarantado do que já está é o tal de IPC-r (Índice de Preços ao Consumidor em real). Os 5,4% de agosto, muito acima do inicialmente esperado, injetaram esperança no petismo. O fato de a pesquisa Datafolha ter sido feita depois da divulgação do índice e, mesmo assim, não ter abalado a candidatura de FHC não parece ser levado em conta.
"O que se diz é que demora uns dez dias para que os fatos se reflitam nas pesquisas", justifica Emir Sader, um dos intelectuais do PT.
O curioso é que, pela primeira vez, talvez, PT e mercados estão perfeitamente sintonizados. A boataria de ontem nas Bolsas apontava para uma queda de FHC. Não sei de onde esse ente misterioso, chamado mercado, tira informações que inexistem.
O PT também anda afinado com um de seus adversários, o senador Esperidião Amin (PPR-SC), que jura que, na rua, insinua-se uma ponta de desconfiança em relação ao real. Boatos e sensações à parte, o fato é que a situação eleitoral está no mesmo ponto em que estava há uma semana. Mas falta uma semana a menos para a única pesquisa que conta, a votação propriamente dita.

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