São Paulo, quinta-feira, 1 de setembro de 1994 |
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Fringe Festival tem cada vez mais espaço
DAVID DREW ZINGG
O Edinburgh Fringe cresceu a ponto de hoje ser maior do que o festival internacional que o originou. É um monstro. Transformou-se num rabo que abana o cão. Este ano o festival paralelo quebrou todos os recordes. Apresentou 1.275 espetáculos em 184 locais espalhados pela cidade. Os espetáculos vão de estranhos e ininteligíveis shows de piadas escocesas a apresentações de cantoras conhecidas como Eartha Kitt. As mostras paralelas ocupam desde teatros de verdade até qualquer espaço minúsculo disponível. A piada local diz que você precisa tomar cuidado quando pendura as roupas no hotel à noite. Quando abre o guarda-roupas corre o risco de encontrar uma apresentação paralela lá dentro. Sempre me surpreendeu a ausência de artistas brasileiros no Edinburgh Fringe Festival. Ele é aberto a todos. Você só precisa se inscrever e depois ir à Escócia. A nova diretora do Fringe, Hillary Strong, acredita que a função do Fringe é administrar, não policiar. Ela sente que não tem função de monitorar ou censurar. Se o novo real conseguir passar bem pelos próximos 12 meses, quem sabe teremos algum talento da Sambalândia no Fringe de 95. Um conselho aos candidatos: você nem precisa fazer a peça em inglês. É claro que a platéia entenderá melhor se você o fizer. Sempre existiu no Fringe uma tendência à apresentação de piadas. Mas este ano o número de peças de teatro cresceu. Em 1994, houve 13% de comédia, contra 36% de peças legítimas. Algumas peças foram tão experimentais que poderiam ser qualificadas de ilegítimas. Para provar que o Fringe tem seu lado sério e compenetrado, este ano foram seis –repito, seis– peças sobre o Holocausto. Uma série de peças tinha o tipo de título que este repórter acha irresistível. O que chamou minha decadente atenção foi "The Vampire Poofs of Sodom". "Poof" é uma gíria inglesa que significa gay. Em outras palavras, "Os Gays Vampiros de Sodoma". Não existe no mundo das artes nada melhor do que os festivais de Edimburgo. É impossível ver todas as apresentações, mesmo que o visitante se mantenha acordado 24 horas nas três semanas que dura a doideira. Tradução de Clara Allain Texto Anterior: Edimburgo é maior circo de arte do mundo Próximo Texto: Show militar reúne gaita de fole e tambor Índice |
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