São Paulo, quinta-feira, 1 de setembro de 1994
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Show militar reúne gaita de fole e tambor

DAVID DREW ZINGG
ESPECIAL PARA A FOLHA

Show militar reúnegaita de fole e tambor
Espetáculo 'Tattoo' acontece no Castelo de Edimburgo
"Tattoo" soa como aquele mordomo decepado da "Ilha da Fantasia", você não acha? Errou, Joãozinho. É um dos mais empolgantes espetáculos militares, baseado em centenas de anos de história escocesa. Acontece no Castelo de Edimburgo, no final do verão.
Esse glorioso espetáculo militar abre ao som de tocadores de gaita de fole e tambor, na tradicional abertura escocesa.
Embora mantenha zelosamente as tradições que há mais de 40 anos fazem do "Tattoo" uma atração mundial, o show introduz toques contemporâneos a cada ano.
Os escoceses vão querer me matar por dizer o que vou dizer, mas o fato é que o "Tattoo" tem muito a ver com o desfile da noite de abertura da Disneyworld.
É um imenso e complicado balé militar ao ar livre que deixa os visitantes atônitos de assombro e prazer. Pelo menos 200 mil pessoas vêm do mundo inteiro, todos os anos, para assistir ao evento.
O programa inclui músicas de gaitas de fole e tambores de vários regimentos escoceses tradicionais, juntamente com a música de bandas de diferentes partes do mundo.
O programa, que muda anualmente, inclui apresentações de ginastas, amestradores de cães e outras do gênero.
Também tem batalhas de faz-de-conta, representadas pelos regimentos que defenderam a Escócia da Inglaterra, tão realísticas que a platéia acaba se abaixando para desviar das balas imaginárias.
Cada apresentação conta com um show de fogos de artifício que ilumina as torres e muralhas do velho castelo.
A palavra "tattoo" vem do holandês "tap-to", que significa, literalmente, "fechar as torneiras". Ela se originou na batida de tambor que chamava os soldados de volta ao quartel, todas as noites.
A batida do tambor avisava aos donos das estalagens que eles deviam parar de servir cerveja aos soldados –em outras palavras, "fechar as torneiras".
Mais tarde o sinal passou a ser dado com corneta. Com o passar dos anos, a tradição se transformou em uma apresentação cerimonial ao pôr-do-sol.
Festival de jazz
A energia mais quente do Festival de Jazz de Edimburgo ainda está no talento provado e conhecido. É um festival feito para quem aprecia o velho e bom jazz tradicional. Não é um laboratório indicando o que será "cool" amanhã.
Neste verão, restrições financeiras relegaram a ala musical mais moderna ao Blue Note, a menor das três casas onde os grupos se apresentam. A música experimental foi admirável, com bandas como Theo Travis Quartet e a excelente Ravin MacKenzie Quartet.
O festival é organizado em camadas. Os shows formais acontecem no novo Festival Hall e no Queen's Hall.
O grupos menores e menos formais tocam nas três casas com estilo de cabaré: o Cotton Club, o Music Box e o Blue Note. Algumas das melhores amostras de "free jazz" são encontradas numa sequência interminável de "pubs".
O Cotton Club foi uma grande casa, contando com um palco que custou US$ 30 mil, que recriou a casa original, no Harlem, onde Cab Calloway e Duke Ellington escreveram a história do jazz.
Este ano aconteceram algumas interações jazzísticas notáveis. O trompetista Kenny Baker, por exemplo, tocou memoráveis jogos de jazz com o saxofonista Danny Moss no Cotton Club.
São essas casas que proporcionam a maior emoção ao festival. Houve uma fantástica apresentação de ragtime, blues e jazz tradicional do pianista Butch Thompson, no meio da tarde.
O show final deste ano apresentou o veterano pianista Dick Hyman liderando uma banda de grandes músicos, encabeçada pelo monumental trompetista Doc Cheatham, de 89 anos. Foi como os bons velhos tempos em Nova Orleans, não Edimburgo.
(DDZ)
Tradução de Clara Allain

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