São Paulo, domingo, 4 de setembro de 1994
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A EVOLUÇÃO DO PARTIDO DOS TRABALHADORES

1978-1980
– O núcleo do PT é formado pelos sindicalistas. Em julho de 1978, Lula manifesta a intenção de criar um partido de trabalhadores. No dia 1º de maio de 1979, líderes sindicais divulgam uma carta de princípios do PT. O registro provisório sai em 1980
– O anteprojeto, de 29 de janeiro de 1980, define o PT como um partido de classe: "Ao anunciar que seu objetivo é organizar politicamente os trabalhadores urbanos e rurais, o PT se declara aberto à participação de todas as camadas assalariadas do país"
– O partido rejeita a participação dos empresários em seus quadros: "O PT recusa-se a aceitar em seu interior representantes das classes exploradoras. Vale dizer, o Partido dos Trabalhadores é um partido sem patrões!"
1981-1982
– Durante seu processo de organização, vários grupos marxistas-leninistas e trotskistas ingressam no PT. O programa do partido nas eleições de 1982 ("Terra, Trabalho e Liberdade") reflete essa aliança do grupo sindicalista com a extrema-esquerda
– O programa do PT propõe: reforma agrária radical; moratória da dívida externa; desconcentração da propriedade privada; estatização de setores essenciais; governo dos trabalhadores; novas formas de representação (conselhos populares)
– Os slogans eleitorais enfatizavam o elo com os trabalhadores: "Trabalhador vota em trabalhador", "Vote no 3. O resto é burguês". O partido elege oito deputados federais, nenhum senador, nenhum governador. Lula fica em 4º lugar em São Paulo.
1983-1986
– O PT começa a reavaliar sua estratégia. Em 1985, o discurso agressivo é abandonado na campanha de Eduardo Suplicy à Prefeitura de São Paulo. Os slogans socialistas são deixados de lado. Exemplo de slogan: "Nem carranca, nem chapa-branca"
– A estratégia parece ter alargado o eleitorado do partido de 14,3% dos votos na capital paulista em 1982 para 19,7%. A única vitória eleitoral, porém, seria obtida em Fortaleza por Maria Luiza Fontenelle, militante da extrema-esquerda (PRC)
– Na campanha de 1986, pressionado pelo sucesso do Plano Cruzado, o partido hesita entre o tom soft da campanha de 1985 e a retomada dos slogans socialistas de 1982. O PT elege 16 deputados federais, nenhum senador, nenhum governador
1987-1989
– No Congresso Constituinte, o PT defende a estatização dos bancos, a reforma agrária radical (inclusive em terras produtivas), a nacionalização da distribuição dos combustíveis e dos minérios, benefícios às empresas nacionais e formas de democracia direta
– Na campanha à Presidência em 1989, o PT procura ampliar sua base social. Ele já não se define como um "partido sem patrões". O PT considera como adversários apenas os banqueiros, os latifundiários, as multinacionais e os monopólios privados
– O programa é atenuado. A moratória da dívida externa é substituída pela suspensão do pagamento. A estatização dos bancos é trocada por maior controle sobre eles. O PT não propõe estatização de nenhum setor –só quer manter as estatais existentes
1990-1994
– Lula perde a eleição. Em 1990, porém, o partido amplia sua bancada na Câmara (para 35 deputados) e Senado (elege um senador). Começa também a expulsão dos grupos extrema-esquerda. O primeiro deles é a Causa Operária, em 90
– No congresso de 91, a proposta de estatização da economia é substituída pela manutenção da economia de mercado com controle social. O partido se propõe a buscar o diálogo com todos os setores sociais. A Convergência Socialista é expulsa em 92
– O programa de 1994 substitui a reforma agrária radical pelo assentamento de 800 mil famílias. O PT quer reduzir a jornada de trabalho, aumentar salários e restringir as privatizações. Não propõe estatizações. As menções ao socialismo foram reduzidas

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