São Paulo, domingo, 4 de setembro de 1994
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Linha de Londres utiliza satélite

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

Erramos: 09/10/94

Este artigo afirma erroneamente que os satélites GPS fazem rastreamento e monitoramento. Os satélites na realidade, emitem sinais que são usados na localização de receptores especiais na Terra. Linha de Londres utiliza satélite
Se você fica nervoso ao ver, após uma longa espera, três ônibus da sua linha chegarem juntos ao seu ponto, a tecnologia de satélite chegou para ajudar. Pelo menos em Londres.
Satélites militares americanos que rastrearam aviões inimigos e monitoraram a posição das tropas da coalizão anti-Iraque na Guerra do Golfo (1991) estão agora rastreando e monitorando os ônibus da linha 73, que liga a Victoria Station, no centro de Londres, a Stoke Newington, no nordeste da cidade, passando pelo Hyde Park e perto do Museu Britânico.
O sistema de monitoramento é chamado de GPS ("Global Positioning System", ou Sistema de Posicionamento Global) e já é usado em alguns serviços de emergência como ambulância e bombeiros no Reino Unido.
Os satélites, em uma órbita a 20 mil quilômetros da Terra, enviam um sinal de alta frequência para um receptor instalado no topo do ônibus.
Um computador determina a localização do veículo fazendo cálculos de latitude e longitude.
A informação é transmitida para a sala de controle da empresa, onde a localização dos ônibus aparece numa tela eletrônica. Todo este processo não leva mais que alguns poucos segundos.
Se os controladores dos ônibus percebem que vários deles estão próximos um do outro devido a um congestionamento, por exemplo, eles podem dar ordem para que os passageiros de um ônibus passem para outro.
O ônibus esvaziado pode assim ficar livre para tomar uma rota alternativa sem congestionamento e apanhar pessoas esperando em pontos mais para a frente ou, simplesmente, voltar para a garagem da empresa.
O sistema, ainda em teste, custa cerca de US$ 600 mil para cobrir uma frota de 160 ônibus. A empresa Leaside, que cuida da rota 73, está satisfeita com os resultados até aqui.
"Os testes mostraram que nós conseguimos localizar nossos ônibus de forma muito precisa, com 30 a 100 metros de precisão", diz Bob Pennyfather, da Leaside.
"Ele pode nos ajudar a coordenar nossos ônibus quando temos de enfrentar ações terroristas, vazamentos de canos e todos os outros problemas que são parte da vida em Londres", afirma.
Hoje em dia, os motoristas dos ônibus se comunicam com a sala de controle através de rádio, relatando sua localização e recebendo instruções, mas o sistema é considerado muito lento.
Na Victoria Station, ponto final da linha 73, os passageiros desconhecem o teste feito. Mas parecem aprová-lo.
"Qualquer coisa que melhore a frequência dos ônibus é bem-vinda", diz Jane Walker, 58, usuária habitual da linha. "Dá uma raiva quando dois, três ônibus chegam juntos ao ponto e você esperou quase 15 minutos por apenas um deles", afirma Walker.
Já os motoristas estão mais preocupados com a iminente privatização da empresa Leaside do que com esquemas para aumentar o controle sobre o trabalho deles. "É uma forma de eles nos espionarem, mostra falta de confiança", diz o motorista Malcolm, que admite, entretanto, a existência do problema.
"Nós embolamos o tempo todo, mas tudo depende do tráfego. O último inverno foi tão ruim que eu me lembro de uma vez em que havia cerca de dez de nós parados por horas", afirma Malcolm.

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