São Paulo, domingo, 4 de setembro de 1994
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Herdeiro pode não chegar ao trono britânico

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

Herdeiro pode não chegar ao trono britânico
O príncipe Charles, 45, é o herdeiro do trono britânico, mas muitos duvidam que ele substitua sua mãe, a rainha Elizabeth 2º, como chefe de Estado do Reino Unido.
A rainha está com 68 anos. Sem problemas de saúde, ela pode viver mais de 20 anos (como sua nonagenária mãe). Charles estaria já perto dos 70 anos e poderia abdicar em nome do filho mais velho, William, hoje com 12 anos.
Enfrentando uma das imprensas mais hostis e onipresentes do planeta, cada passo e palavra de Charles é exposta e interpretada ao gosto do editor.
Desde que começou a manifestar suas posições sobre temas como arquitetura, meio ambiente, medicina alternativa, problemas urbanos contemporâneos e agricultura orgânica, Charles (e a mídia) criou uma imagem de príncipe atormentado, introspectivo, de poucos amigos e disperso em suas várias preocupações.
Seu maior problema até aqui, porém, foi sua separação da princesa Diana.
O casamento foi acompanhado em todo o mundo como um conto de fadas. A separação, em meio a alegações de adultério -Charles confessou a traição em horário nobre da TV em junho passado-, dividiu os súditos e abalou a convicção de monarquistas menos fiéis.
Diana é o membro mais popular da família real. Seu afastamento não tirou o interesse da população. Apesar de ter prometido no final do ano passado abandonar a vida pública, a princesa continua sendo a favorita dos tablóides.
Charles e Diana agora travam uma verdadeira guerra de publicidade, que especialistas em monarquia acreditam que Charles vencerá a longo prazo por estar do lado da instituição.
Se se divorciar de Diana, ele provavelmente terá que permanecer solteiro enquanto estiver no trono.
A Igreja Anglicana já afirmou que aceita um rei divorciado, mas não um rei em segundo casamento. Os mais cínicos já falam no recurso da "amante discreta".
Há quem acredite que o divórcio oficial virá no ano que vem ou em 1996. Assim, até (e se) Charles assumir o trono, o assunto já vai ter esfriado e o príncipe vai poder pôr em prática o que ele foi treinado a vida inteira para fazer -ser amável e tratar bem súditos e chefes de Estado estrangeiros em milhares de cerimônias oficiais.
(SM)

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