São Paulo, quinta-feira, 8 de setembro de 1994
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Menor mata em 'racha' e pai é condenado

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

A Justiça de São Paulo condenou a 14 meses de prisão, com direito a sursis, os pais de um adolescente que causou a morte de uma pessoa durante um "racha" de automóveis em Bauru.
No acidente, ocorrido em 31 de março de 1991, morreu o engenheiro e professor universitário José Antônio Andreatta, 32.
A mulher dele, a dentista Lúcia Helena Andreatta, na época com 32 anos, ficou gravemente ferida e teve sequelas físicas.
A filha do casal, Lígia, então com quatro meses, escapou sem ferimentos.
O causador do acidente foi Daniel Tonon, então com 17 anos, que segundo a polícia participava de um "racha" com a caminhonete D-20 dos pais.
Ele perdeu o controle da caminhonete ao passar em alta velocidade por um obstáculo na avenida Getúlio Vargas, Jardim América, zona sul de Bauru (345 km a noroeste de São Paulo).
Desgovernada, a caminhonete chocou-se em alta velocidade contra a Parati do casal. A Parati foi atirada à distância e pegou fogo.
Andreatta morreu horas mais tarde vítima de traumatismo craniano. Lúcia ficou dez dias em coma, mas conseguiu se recuperou dos ferimentos.
O juiz da 3ª Vara Criminal de Bauru, Emir Maddi, proferiu sentença em novembro de 1993, condenando os pais do adolescente à prisão.
Por ser menor de idade na época do acidente, Daniel Tonon não pode ser processado criminalmente.
Segundo a sentença, os comerciantes Antônio e Zelinda Tonon sabiam que o filho menor de idade dirigia a caminhonete da família.
O casal foi condenado a 14 meses de detenção, mais 10 dias de multa, com direito a sursis.
O sursis é um instrumento jurídico que beneficia réus sem condenações anteriores, suspendendo a prisão.
A família Tonon recorreu e, nesta semana, o Tribunal de Alçada Criminal confirmou a condenação definitivamente.
A Agência Folha tentou falar ontem com o casal Tonon, mas os dois não quiseram atender nem dar qualquer declaração.
Lúcia Andreatta disse que considerou branda a condenação dos pais de Tonon. "Está na hora de o Brasil adotar leis mais rígidas para crimes como este", afirmou.

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