São Paulo, sábado, 10 de setembro de 1994 |
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Doze navios negaram socorro
PAULO HENRIQUE BRAGA; MARCUS FERNANDES
"Mostrávamos o cantil e pedíamos água, e nem isto nos davam", disse Geraldo Carrete. No quinto dia de viagem, um ataque de tubarões durante a madrugada matou Rolando Diaz Domingues, de 7 anos, e Francisco Reyes Moreno. Ogandy Dias Mas, 29, pai do menino morto, disse que apesar do ocorrido não se arrepende de ter fugido de Cuba. "Valeu a pena, eu estava decidido a ir embora", disse à Folha, emocionado. Sua mulher, que ficou em Cuba, ainda não sabe da morte do filho único do casal. "Primeiro vou avisar minha mãe, para depois ela contar à minha mulher." A outra vítima do ataque era irmão de Ismael Reyes Moreno, outro dos balseiros. No dia do embarque –9 de agosto– os oito cubanos chegaram às 11h à praia, montaram uma balsa de cerca de 1,5 m por 5 m com cinco câmaras de pneu e partiram às 21h, aproveitando um horário de mar calmo. O dinheiro para construir a embarcação –cerca de 3.000 pesos– foi fruto de um ano de economias. A renda mensal média do grupo é de cerca de 200 pesos, pouco mais de um dólar americano. A comida que levaram na balsa –carne de porco, pão e açúcar– estragou no primeiro dia da viagem, por causa do contato com a água do mar. A água potável acabou cinco dias depois. Na véspera do resgate, conseguiram apanhar na água dois peixes, que foram comidos crus. A intenção do grupo era chegar até Cozumel, no México, percorrendo as 60 milhas entre Pinar Del Rio e o local em sete dias. Por causa da correnteza forte e ondas de até quatro metros, que por várias vezes derrubaram os balseiros na água, eles acabaram se perdendo no mar.(PHB)(MF) Texto Anterior: EUA recrutam policiais entre os refugiados Próximo Texto: Maioria aprova texto de aborto no Cairo Índice |
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