São Paulo, segunda-feira, 12 de setembro de 1994
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PSDB participará de governo Lula, diz sociólogo

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Num cenário Lula (vitória do candidato petista nas eleições), "provavelmente o PSDB está condenado a ser convocado a exercer funções de governo".
A previsão é do cientista político Francisco Weffort, ligado ao PT, em palestra em junho no Conselho Superior de Orientação Política da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
A partir de hoje, folhetos com a íntegra da palestra estão sendo enviados aos empresários.
Mesmo considerando o quadro indefinido, Weffort faz algumas previsões: Lula chega ao segundo turno; haverá grande renovação no Congresso e crescimento do PT e PSDB e as eleições vão conduzir a uma melhora das condições de governabilidade.
Weffort diz que a história do PT tem sido de "diluição dos radicais". Traçando um perfil democrático do candidato petista, Weffort diz não acreditar que radical nenhum do PT controle Lula.
"Na medida em que um líder político cresce numa democracia, ele se compromete com os temas do outro lado".
Sobre alianças, diz que, se FHC ganhar, terá que negociar com o PFL, assim como o PT teria que fazer com PMDB e PSDB.
Weffort destaca que o objetivo econômico mais geral do programa do PT é o desenvolvimento de um mercado de massas no Brasil. Para ele, isso implica a capacidade de o Estado acionar um processo de expansão do mercado.
Weffort menciona temas econômicos, que têm estado na base das divergências entre o candidato petista e os empresários da Fiesp.
No tema das privatizações, no qual insiste, "já não há uma concepção estatista de fundo ideológico". Weffort diz que a crítica do PT às privatizações implica uma "relativização".
Weffort afirmou que a posição de Lula em 1989 –o não pagamento da dívida externa– mudou muito: o peso da dívida externa não é o mesmo e uma política de não-pagamento é inviável, porque seria como romper com o mundo.
Weffort destaca, na questão agrária, que o programa do PT não faz questionamento da propriedade produtiva e questiona, com muito cuidado, a improdutiva.
Sobre o tamanho do Estado, Weffort afirma que o PT busca recuperar uma capacidade de intervenção que o Estado já teve. Para o desenvolvimento, segundo ele, o Estado deve atuar "supletivamente em relação às forças do mercado".

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