São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 1994
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Bolsa paulista registra volume recorde

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Dólar em queda (novo recorde de baixa). Bolsas em alta. Juros subindo ligeiramente. Este foi o cenário de ontem do mercado financeiro.
O mercado não espera qualquer mágica do governo para sustentar as cotações do dólar até o primeiro turno das eleições.
Dólar em queda serve como uma represa para os preços. E ninguém tem dúvida da importância do Plano Real (leia-se inflação baixa) no cenário eleitoral.
Ontem, brincando, os analistas diziam que o dólar, do jeito que ia, podia virar "moeda podre" nos leilões de privatização.
Nem aí com a repercussão do dólar baixo nos balanços das empresas, as Bolsas, depois de um início de pregão preocupado com a greve dos metalúrgicos, fecharam em alta: 2,98% em São Paulo e 3,0% no Rio.
Em São Paulo foi registrado novo recorde no volume negociado: R$ 833 milhões. Culpa: dois "box" desmontados que somam R$ 478 milhões.
Este dinheiro vai, ao que tudo indica, para fora do país - passando pelo mercado do dólar comercial.
Se vai ou não sustentar as cotações é outro problema. Difícil imaginar que os bancos operadores não tenham se precavido - comprando dólares antes.
Na área de juros, o BC mudou as regras do compulsório. Vai ser excluída da base de cálculo os primeiros R$ 10 milhões captados.
O efeito sobre o recolhimento não passa, nos cálculos mais otimistas, de R$ 1 bilhão. Ou seja, se o enxugamento ia ser de R$ 15 bilhões, passa a ser de R$ 14 bilhões.
A medida não refresca a liquidez do sistema, mas tira do jogo as instituições muito pequenas –que iam ter que pedir socorro nas linhas de empréstimo do BC. Um problema a menos. Não é o único. O dos bancos estaduais não está equacionado.
O BC não deve afrouxar ainda mais os controles do compulsório. O consumo, bastante aquecido, não vai deixar.
Ontem, o BC atuou três vezes no overnight. Em todas, subiu ligeiramente as taxas de juros.
Em suma: o Plano não está implodindo, mas os problemas (que pedem correções importantes de rumo) estão crescendo. Consumo e câmbio são as armadilhas mais difícies de desarmar.

JUROS
Curto prazo
Os cinco maiores fundões registravam rentabilidade diária de 0,122% no último dia 8. A taxa média do over, segundo o mercado, foi de 5,36% ao mês. No mercado de Depósito Interbancário (CDIs), a taxa média foi de 5,38% ao mês.

CDB e caderneta
As cadernetas rendem 2,6213% hoje. Os CDBs prefixados para 31 dias pagaram entre 56,7% e 57,4% ao ano. Os papéis pós-fixados de 122 dias pagaram taxas de 18% a 18,5% ao ano mais a TR.

Empréstimos
Empréstimos por um dia ("hot money") contratados ontem: as taxas variaram de 5,36% ao mês a 5,50% ao mês. Para 31 dias (capital de giro): as taxas variaram entre 57,5% e 70% ao ano.

No exterior
Prime rate: 7,75%. Libor: 5,31%.

AÇÕES
Bolsas
São Paulo: o índice fechou a 55.109 pontos com alta de 2,98% e volume financeiro de R$ 833,021 milhões. Rio: alta de 3,0% (I-Senn), fechando com 21.975 pontos e volume financeiro de R$ 86,735 milhões.

Bolsas no exterior
O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York fechou a 3.860,34 pontos. Em Tóquio, o índice Nikkei fechou com 19.917,25 pontos. Em Londres, o índice Financial Times fechou a 2.425,90 pontos.
DÓLAR E OURO

Dólar comercial (exportações e importações): R$ 0,850 (compra) e R$ 0,852 (venda). Segundo o Banco Central, o dólar comercial foi negociado, na média, por R$ 0,851 (compra) e por R$ 0,853 (venda). "Black": R$ 0,885 (compra) e R$ 0,890 (venda). "Black" cabo: R$ 0,885 (compra) e R$ 0,895 (venda). Dólar-turismo: R$ 0,87 (compra) e R$ 0,90 (venda), segundo o Banco do Brasil.
Ouro: baixa de 0,62%, fechando a R$ 11,20 o grama na BM&F, movimentando 2,39 toneladas.
No exterior

Segundo a agência "UPI", em Frankfurt, o dólar foi cotado a 1,5438 marco alemão. Em Tóquio, o dólar foi cotado a 98,90 ienes. Em Londres, a libra foi cotada a US$ 1,5695. A onça-troy (31,104 gramas) de ouro na Bolsa de Nova York fechou a US$ 390,90.

FUTUROS
No mercado de DI (Depósito Interfinanceiro) da BM&F, a projeção de juros para setembro fechou a 3,86% ao mês e a 3,85% para outubro.
No mercado futuro de dólar, a cotação foi de R$ 0,870 para 30 de setembro.
O índice Bovespa no mercado futuro para outubro fechou a 57.387 pontos.

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