São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 1994
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CD é arma de combate cultural

LUÍS ANTÔNIO GIRON
DA REPORTAGEM LOCAL

O CD xavante é o quarto e melhor acabado produto de música indígena brasileira. Sem o ranço etnográfico, a preocupação documental fica em segundo plano. A ênfase é dada no registro artístico, no prazer do canto coral xavante.
Antes de "Etenhiritipá" foram lançados os LPs "Paiter Merewa" (1985), em produção de Marlui Miranda, "Bororo Vive" (1990), realizado pela Universidade Federal do Mato Grosso, e uma coletânea dos anos 70 organizada pelo selo Marcus Pereira.
Foram trabalhos pioneiros, mas que padeciam de ecletismo. Marcus Pereira, por exemplo, incluiu cantos xavantes, mas não conseguiu dar uma noção de conjunto da tradição da nação.
O CD tem a virtude da amostra completa. Ali estão os hinos iniciáticos, os rituais de celebração dos turnos do dia e os cantos de trabalho.
A música xavante tem como característica principal a forte marcação rítmica, apoiada em instrumentos de percussão leve. Os apitos e o canto grave, em uníssono, dominam as faixas.
É um som dançante, que hipnotiza. Pode ser até utilizado como sampler no pop.
A faixa usada no clipe tem esse vigor rítmico. Mas não se trata de uma música de fácil audição. Para o ouvinte comum, é recomendável se habituar vagarosamente com o ambiente de gritos e palavras mágicas ininteligíveis (ignoradas até pela produtora do disco, para a qual alguns segredos não foram revelados).
O disco vale como arma cultural. Os xavantes provam que uma extinção da música indígena significaria crime contra a humanidade. (LAG)

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