São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 1994
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"A TAM veio para ficar", afirma Rolim

SIMONE GALIB
DA REPORTAGEM LOCAL

'A TAM veio para ficar', afirma Rolim
A empresa aposta em aviões novos e no atendimento personalizado ao passageiro para alçar vôos mais altos
O ano de 93 foi difícil para a aviação civil. Enquanto companhias internacionais e nacionais tomaram grandes prejuízos, a TAM do comandante Rolim voou na rota contrária. Faturou US$ 200 milhões, aumentou em 50% o número de passageiros e foi uma das poucas do setor que obteve lucro.
O presidente Rolim Adolfo Amaro, 51 –esse empresário com nome de passarinho que começou a carreira voando como piloto assalariado– atribui os resultados à coragem de fazer ajustes na hora certa e aos investimentos no passageiro, de quem ele costuma cuidar pessoalmente.
Com três companhias (a TAM, Brasil Central e Táxi Aéreo Marília), 50 aviões, 1.500 funcionários e 1,1 milhão de passageiros em 93, Rolim afirma que a empresa já colhe os frutos do real e que vai continuar crescendo. Este mês, estréia no Nordeste, ligando São Paulo a Salvador.

Folha - Como o senhor explica o crescimento da aviação regional?
Comandante Rolim - É natural que cresça mais que a nacional. Atua num mercado ávido por transporte aéreo. Além disso, dispõe de uma frota que pode operar nas pequenas e médias cidades. Enquanto as nacionais têm dois ou três tipos de avião, as regionais oferecem de 15 a 25 tipos.
Folha - A TAM fechou o ano de 93 com uma rentabilidade de 40,1%. Quais as causas dessa boa performance?
Rolim - Em 1983, com a maxidesvalorização do dólar, a TAM demitiu 52% do seu efetivo de funcionários. Em 1987, no Plano Cruzado 2 que liberou o câmbio e congelou as tarifas, também houve cortes. A TAM dá lucro porque soubemos fazer os ajustes na hora certa. Folha - Como está o mercado?
Rolim - Vivendo os bons efeitos da retomada da atividade econômica. Agosto foi o melhor mês do ano. O real é um grande plano.
Folha - A empresa usa um marketing próprio, com serviços do tipo, "fale com o presidente". Até que ponto funciona?
Rolim - Ou nós cuidamos do passageiro ou estamos mortos. Fora disso não tem salvação. No serviço "fale com o presidente" atendo até 80 ligações por dia, com sugestões, muitos pedidos de bilhetes para políticos em época de eleição. Eles elogiam por carta e reclamam por telefone. Aprendi que o passageiro não faz questão que tudo funcione perfeitamente, o que ele quer é ser ouvido.
Folha - Existe uma guerra entre as nacionais e regionais?
Rolim - O mercado não é de ninguém. Algumas dizem que as regionais estão roubando passageiros como se elas (as nacionais) fossem suas donas. Não se trata de querer passageiros. Trata-se de manter a racionalidade.
Folha - Como o senhor vê a criação de novas empresas aéreas regionais?
Rolim - Eles estão querendo entrar nesse mercado. O que eles querem é nos quebrar porque nós somos pequenos. Toda a aviação regional junta é menor que a menor empresa nacional.
Folha - Mas o interesse não seria somente na operação dos aeroportos centrais?
Rolim - É, muitos dizem que a benesse de operar em Congonhas é que dá performance. Não é verdade. O número de conexões que o passageiro tem em Guarulhos é maior. Para reativar Congonhas, mudamos completamente nossa estratégia. Quando um passageiro que queria ir a Brasília perdia o vôo, nós o embarcavámos de jatinho, bancando os custos.
Folha - A TAM tem uma política de não dar descontos nas tarifas. Por que?
Rolim - A TAM não dá desconto porque controlar os descontos é complicado. Tudo que precisa ser controlado não merece ser feito.
Folha - Por que as tarifas das regionais são em média 30% mais caras que as nacionais?
Rolim - Isso só acontece em alguns trechos, nos mais curtos. O item mais caro do Fokker/100 é o freio. Cada pouso custa US$ 80. Recebo centenas de cartas que dizem 'Rolim cobre mais caro, mas não deixe cair o padrão dos serviços'. E é isso que vamos manter. Aviões novos, com pilotos experientes e serviço personalizado.
Folha - Quais os projetos da empresa para este ano?
Rolim - Vamos continuar investindo na imagem porque não somos a empresa mais conhecida do mercado. A TAM veio para ficar.

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