São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994
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'Aurélio' já vendeu 11 milhões de cópias

DA REPORTAGEM LOCAL

O "Aurélio" é a maior instituição do mercado editorial brasileiro. Foi lançado em 1975, circula em cinco versões, as quais acumulam uma vendagem de 11 milhões de exemplares em 19 anos.
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (1910-1989) não virou sinônimo de dicionário à toa. Ele dizia que aos 12 anos já pensava em fazer um.
Demorou um pouco mais. Em 1940 começou a colaborar no "Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa" a convite do poeta Manuel Bandeira. Em 1959, quando saiu do projeto, a obra já era conhecido como "o dicionário do Aurélio".
O "Aurélio", de fato, nasceu de um projeto frustrado. Aurélio estava fazendo nos anos 60 um dicionário em cinco volumes, teve que abandonar a empreitada por falta de interesse das editoras e decidiu fazer a obra em um volume.
Foi um sucesso instantâneo. Aurélio conseguiu agradar aos que estavam habituados ao rigor da língua portuguesa e, para espanto dos filólogos, transformou um dicionário em best-seller –façanha que se repete há 19 anos.
O conceito de dicionário de Aurélio talvez explique o sucesso.
Professor de português e literatura, tradutor, ensaísta e contista, Aurélio sempre foi um leitor voraz –1.800 livros foram consultados na produção do dicionário.
Além disso, conseguiu levar para o dicionário a língua das ruas, dos jornais, da TV. Sua equipe, que chegou a 20 pessoas, era encarregada de anotar as novidades.
Aurélio dizia que vale para os dicionaristas o lema dos escoteiros: "sempre alerta". Ele tirava verbetes das fontes mais insuspeitas. A gíria pintar, significando surgir, ele ouviu na música "Bye Bye Brasil", do seu primo distante Chico Buarque de Holanda.
Com sua morte, a equipe que faz o dicionário é coordenada pela viúva Marina Baird Ferreira.

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