São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994
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Eleito, neto de Jânio mudará de partido

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Não podia ser diferente. Jânio Quadros Neto entra na política aproveitando, em São Paulo, o espólio eleitoral do avô famoso.
"Janinho", 21, é candidato a deputado estadual. Optou pelo PMDB, mas já está brigado com a legenda. Dois dias antes da convenção, no início deste ano, seu nome não constava da lista dos candidatos do partido.
Segundo ele, um grupo de peemedebistas ligado ao governador Fleury tentou "jogá-lo" na disputa de uma vaga à Câmara, com o intuito de queimá-lo politicamente.
Além disso, "o governador Fleury prometeu um memorial a meu avô e não fez", diz sobre a ira que alimenta contra o PMDB.
Na verdade, JQN não recebeu apoio da máquina peemedebista e já se decidiu: assim que tomar posse, muda de legenda.
Como o avô, acha que partido "é só um veículo para o candidato. Não dou a menor para o 'pêrtidou"', diz ele, com forte sotaque inglês. Inglês americano.
Filho de Dirce Tutu Quadros, nasceu em Houston (Texas). "Mas sou 'brézileiro' nato", diz. Registrado como Jânio John Quadros Neto, o rapaz eliminou o "John" do nome e odeia quando um desavisado o chama de Jânio John.
Morou por oito anos nos Estados Unidos. Depois, cursou economia na Inglaterra por mais dois anos –cumprindo à risca um velho desejo do avô.
Rompido com o PMDB, durante esta campanha aproxima-se do PSDB de Mario Covas, contra Barros Munhoz, candidato de seu desafeto. Passou, então, a receber apoio logístico dos tucanos.
"A maior besteira que fiz foi me filiar ao PMDB. Minha primeira medida como deputado vai ser pedir uma CPI do Fleury", diz.
"Também vou propor projeto para acabar com o Baneser. Quero extinguir aquilo. É um absurdo. É só comparar os salários daqueles vagabundos com os dos professores", dispara ao estilo do avô.
"Janinho", que herdou a vassourinha do avô (símbolo do janismo), diz defender ainda o enxugamento da máquina do Estado.
Acredita que a maioria de seus votos virão da Vila Maria, reduto janista na zona norte de São Paulo, onde frequenta o bar do seo Pirilo.
"Só aqui na Vila Maria há 140 mil eleitores. E muita gente diz que vai votar em mim. Com 30 mil votos, estarei eleito", supõe o rapaz, que mora no Itaim (zona sul da cidade) e recebe ajuda em tempo integral de Carla Porto, 21, sua assessora e noiva.(GA)

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