São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994
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Bordel vai virar hotel 5 estrelas

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

O mais famoso bordel de luxo do país nos anos 60 e 70, a Mansão da Eny, em Bauru (345 km a noroeste de SP), vai se transformar em hotel cinco estrelas.
As obras de reforma devem começar neste ano, afirmou o psiquiatra e fazendeiro Fauzer Banuth, atual proprietário do casarão. "O lugar ficou estigmatizado por causa da prostituição e quero apagar essa imagem negativa", diz.
Durante anos, a Mansão da Eny foi frequentada por artistas, políticos e empresários de todo o país. Eny Cezarino morreu no dia 24 de agosto de 87, aos 70 anos, depois de ter se tornado a cafetina de luxo mais conhecida do Brasil.
A secretária Oswanda Cezarino Rosa, 38, sobrinha de Eny, disse que a tia morreu "pobre e esquecida". "Ela foi íntima de personalidades importantes, como o presidente Juscelino Kubitscheck, o senador José Sarney e o governador Adhemar de Barros", afirmou.
A Mansão da Eny, localizada às margens da rodovia Marechal Rondon, é hoje o retrato da decadência da prostituição na era da Aids. O imóvel, com 72 apartamentos, uma suíte presidencial, piscina, boate, salão de festas e jardins, está fechado desde 83.
No local vive apenas um segurança, José Dias, 48, que impede o acesso de pessoas ao imóvel. "Eu queria ter conhecido esse lugar quando havia festa e alegria. Isso vazio é uma tristeza só", disse.
No auge, a Mansão da Eny chegou a ter cem prostitutas, selecionadas com rigor pela cafetina.
Guilherme Borro, 63, ex-motorista particular de Eny, disse que, além de beleza, ela exigia das moças "educação" e "cultura".
"Elas nunca deveriam dar a impressão de que eram mercadoria à venda, mas sim mocinhas educadas para divertir os homens."
O salário que recebiam, segundo Borro, permitia que elas tivessem uma vida confortável. "Várias saíram daqui com a conta bancária gorda e diploma", afirmou.
Antigos amigos da cafetina atribuem a ela a afirmação de que seu "negócio" entrou em decadência com a liberação sexual. Mas a sobrinha Rosa diz que o fim da mansão teve também outro motivo. Ela teria descoberto que estava sendo investigada por sonegar impostos.

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