São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994
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O momento é propício para espetáculos

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Entre o ato de bater a tecla do micro e os times entrarem em campo há tempo suficiente para o Amin brilhar na cabeça. Claro que estou exagerando, em se tratando de eleições. Mas não quanto ao futebol. Por isso, se os fatos contrariarem neste domingo minhas previsões, ainda assim fico com estas. Pelo menos, se as coisas não rolarem assim, assim deveriam rolar, para o bem do futebol.
Refiro-me à tendência dos nossos principais times, favoritos, como Palmeiras e Corinthians, revelarem, através de seus respectivos treinadores, a ânsia de atacar.
A hora é propícia. Afinal, Palmeiras e Corinthians jogam esta tarde com a garantia da classificação e a perspectiva quase segura da liderança em seus grupos. Logo, se há um momento de oferecer espetáculo, estamos nele.
Além do mais, é tempo de ir apertando os parafusos, azeitando a máquina, lubrificando, enfim, os músculos e o entendimento dos melhores jogadores.
Luxemburgo, que está mil passos além de qualquer outro treinador, não só pela qualidade do grupo de jogadores à sua disposição, mas, sobretudo, porque vem trabalhando com eles há mais tempo, anunciou que pretende enfrentar o Náutico, hoje, com um meio-campo formado por apenas um volante e três meias.
Eis uma fórmula que me seduz, desde que, claro, os meias tenham a determinação e o cacoete para cumprir tais funções. No caso específico, tanto Paulo Isidoro quanto Zinho e Rivaldo revelam os dois atributos. O que me deixou com um pé atrás, lendo os jornais, foi uma declaração de Luxemburgo, segundo a qual Edmundo também deveria participar da ação coletiva. Seria o ideal. Mas, em se tratando de Edmundo, temerário. Esse negócio de marcar, tomar a bola, decididamente não faz parte do show de Edmundo.
O mais ajuizado é Luxemburgo esquecer essa parte, e tocar a banda com os demais. É o suficiente.
No outro Parque, Jair Pereira botou em campo, no treino, seu novo esquema, para encaixar Viola no time sem causar injustiças com Boiadeiro, Souza, Marques e Marcelinho, todos em boa fase.
Resultado: uma goleada animadora, com sete gols de Viola.
Ao insistir nesse ponto, vem-me à memória a figura de Alcides Silva, veteraníssimo cronista, com quem há 20 anos tive cordiais divergências. Eram os tempos em que os laterais viravam pontas e o meio-campo ganhava força para cobri-los. Eram os tempos em que se começou a falar em polivalência do jogador de futebol. Isto é: a capacidade de o craque incorporar ao seu talento a disposição de combater também o adversário.
Muller bateu de frente com a realidade do fisco inglês e resolveu voltar. Seja bem-vindo. Mas é surpreendente que um jogador de nível internacional, assessorado por empresários e por um clube do porte do São Paulo, não soubesse disso, quando do fechamento do negócio.
Por outro lado, leio nos jornais que Júlio César está se queixando de ser vítima de racismo na Alemanha, onde ele defende o Borussia. Ora, será que Júlio César não lê jornais?

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