São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994
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Projeto Globelink arrecada fundos

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

Um dos principais objetivos da reconstrução do Globe é incrementar o ensino de Shakespeare. Torná-lo mais atraente, principalmente para jovens, que muitas vezes se afastam do autor após terem que decorar seus textos de forma maçante na escola.
No subsolo do Globe serão criados um museu e uma exposição onde os visitantes serão introduzidos ao teatro elizabetano. Eles serão recebidos por atores vestindo trajes da época, que os guiarão pela exposição e explicarão o grande avanço do teatro naquele período.
Vídeos e computadores interativos, hologramas e jogos de sons e luzes serão usados para explicar Shakespeare e sua época. Haverá uma biblioteca, uma fonoteca e uma videoteca, além de um pequeno cinema, onde se pretende arquivar o máximo possível de detalhes sobre a encenação de Shakespeare em todo o mundo, sejam peças, filmes ou qualquer outra forma de expressão.
Mas a reconstrução do Globe já está mobilizando estudantes de várias partes do mundo através do projeto Globelink. Sua meta é levantar fundos para a produção do dossel que vai cobrir o palco, chamado na época de Shakespeare de "heavens".
O dossel ainda não está desenhado, mas custará US$ 150 mil. As doações das escolas-membros do Globelink já alcançaram US$ 75 mil. Há um mapa-múndi na exposição atual localizando as 275 escolas ou faculdades de 18 países diferentes que contribuíram com pelo menos US$ 300 cada. A única região do planeta que ainda não contribuiu foi a América Latina.
Para cada US$ 300 arrecadado, a escola ganha o direito de enterrar uma "cápsula do tempo" numa cripta especialmente construída debaixo do centro do teatro. As escolas podem colocar na cápsula o que bem entenderem.
A primeira cerimônia de enterro das cápsulas ocorreu em junho de 92, com a presença do príncipe Edward. Fazia parte do conteúdo das cápsulas pedaços do Muro de Berlim, um currículo escolar, diários dos alunos, exemplos de flora e fauna da região da escola.
Segundo Lyn Williams, dirigente do Globelink, o maior objetivo do esquema é "envolver jovens na construção do teatro, aproximando-os de Shakespeare". Para arrecadar o dinheiro, as escolas são incentivadas a trabalhar com as peças do autor.
Uma escola de Dubai (no golfo Pérsico) encenou "Sonhos de uma Noite de Verão", outra encenou "Hamlet" usando somente pantomima. A próxima cerimônia de enterro das "cápsulas do tempo" está marcada para novembro. (SM)

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