São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994
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Caso levantou problema da violência doméstica

DE WASHINGTON

O caso Simpson provocou verdadeira inundação de debates sobre a questão da violência doméstica nos EUA. Simpson batia com regularidade em Nicole durante os anos em que estiveram casados, como se revelou depois do assassinato dela.
Um pouco para purgar sua má consciência, o jornalismo de prestígio dos EUA passou a justificar sua fascinação pelo caso Simpson assim: "Não é que queiramos explorar a desgraça alheia para ganhar audiência, é que há um aspecto positivo nesta tragédia, a possibilidade de chamar a atenção para um grave problema social".
Não é bem assim. Primeiro, o caso Simpson é explorado pelo jornalismo porque é sensacional e vende.
Segundo, violência doméstica existe mas não é tão generalizada como se diz e não vai se acabar com ela nem diminuí-la apenas por se tratar do assunto todos os dias nos jornais e na TV.
As feministas é que se aproveitaram para tentar critalizar a impressão de que o marido bate e mata e a mulher apanha e morre.
Equilíbrio
Pouquíssimas publicações, entre elas o semanário de esquerda "The Nation", deram um pouco de equilíbrio ao debate, demonstrando, com estatísticas, que mulheres matam maridos quase tanto quanto o contrário.
A sociedade norte-americana, como outras, tem a inclinação de ser mais condescendente com crimes cometidos por paixão ou ciúme do que com crimes motivados por outras causas. Só 1,2% dos 2.800 condenados à morte no país mataram seus cônjuges.
É frequente o perdão aos acusados em casos de agressão ao marido ou à mulher.
Foi o que aconteceu com o casal Bobbitt no ano passado: tanto John, que batia com frequência em sua mulher Lorena, quanto ela, que cortou o pênis dele depois de ter sido agredida e estuprada pelo marido, foram absolvidos.

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