São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Defesa faz uso da questão racial
DE WASHINGTON As pesquisas de opinião pública sobre o caso O. J. Simpson mostram uma inequívoca divisão entre negros e brancos. Os negros acham que Simpson é inocente. Os brancos, que ele é culpado.A defesa está jogando quase todas as suas cartas na questão racial. Acusou o detetive que encontrou as evidências incriminadoras de Simpson de ter um histórico de discriminação racial no Exército e na Polícia. Apesar de o juiz ter negado à defesa o direito de investigar o currículo do policial ou de colocá-lo nos autos do processo, o objetivo da defesa foi atingido: lançar dúvidas sobre a origem da denúncia contra o réu. Como o júri de 12 pessoas tem que ser representativo da comunidade e como Los Angeles é uma cidade com grande participação negra na população, se o caso for encarado uma questão racial, a chance de absolvição aumenta. Branco O curioso é que O. J. Simpson é um negro quase tão branco quanto Michael Jackson. Em 1974, questionado por um jornalista sobre o problema das relações raciais nos EUA, respondeu: "Este é um assunto pelo menos dez anos atrasado". Simpson tomou aulas de dicção para anglicizar sua fala. Só frequentava ambientes de branco. Casou com uma loira. Simpson morava numa casa de US$ 5 milhões, em um dos bairros mais exclusivos de Los Angeles. Dirigia um Rolls-Royce, nunca andava com notas menores do que US$ 100 nos bolsos e raramente visitava os guetos onde passou boa parte de sua infância e juventude. Mesmo assim, virou herói dos negros dos EUA, que usam em número cada vez maior camisetas em que proclamam sua inocência e pedem sua liberdade. Texto Anterior: Caso abre caminho para sensacionalismo Próximo Texto: EUA têm 1,2 milhão atrás das grades Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |