São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994 |
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Países da Apec querem liberalizar comércio
RENATO MARTINS
Altos funcionários da área econômica dos 17 países-membros da Apec (fórum de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico) reuniram-se em Yojakarta, na Indonésia, para examinar os documentos preparatórios para a cúpula de novembro em Bogor, no mesmo país. Os participantes não entraram em detalhes sobre o relatório final da reunião, mas deixaram claro que já têm um plano detalhado para a implantação gradual do livre comércio na região. Num avanço em relação à cúpula de Seattle (EUA), em novembro do ano passado, o documento sugere um prazo para a liberalização total: o ano 2020. "Nós vamos tratar disso com elasticidade, pode ser entre 2005 e 2020 para países em várias categorias", afirmou o primeiro-ministro de Cingapura, Goh Chok Tong. Segundo ele, se os acordos iniciais forem concluídos em 1995, a liberalização "de fato" poderá começar em 1998. "O importante é fixar os prazos." Formada em 1989, a Apec reúne EUA, Canadá, Japão, China, Taiwan, Coréia do Sul, Cingapura, Hong Kong, Austrália, Nova Zelândia, Indonésia, Tailândia, Malásia, Filipinas, Brunei, Papua-Nova Guiné e México. Isso representa cerca de 50% da riqueza mundial, com mais de US$ 13 trilhões em PNB acumulado, e 40% do comércio global. O Chile junta-se formalmente à Apec no mês de novembro. Apesar de novas adesões ao grupo estarem congeladas por três anos, Goh Chok Tong apresentou na semana passada a candidatura da Índia (PNB de US$ 300 bilhões e população de 800 milhões). "A porta não está trancada. Pode estar fechada, mas não está trancada", disse o premiê de Cingapura ao chefe do governo indiano, P.V. Narasimha Rao, no dia 8. Segundo o economista Fred Bergsten, chefe da comissão de participantes "notáveis", o plano discutido esta semana prevê prazos diferenciados para desmantelamento das barreiras tarifárias entre os países –os menos desenvolvidos poderiam mantê-las por até dez anos a mais do que os demais. Representantes de vários países criticaram a proposta –que significaria, em certos casos, começar erguendo mais barreiras do que as que já existem. "Não é nada disso", argumentou Bergsten. Os participantes não chegaram a discutir uma das questões mais polêmicas em relação à Apec como instituição: se ela deverá promover o livre comércio também fora de suas fronteiras ou consolidar-se como um bloco econômico. Na cúpula de Seattle não compareceu Mahathir Mohamed, o premiê da Malásia, que era contra a expansão e a institucionalização do grupo (defendida pelos EUA). Mahathir discutiu o tema sexta-feira e ontem com o presidente indonésio, Suharto, durante visita a Jakarta. Ele já confirmou que vai à cúpula de novembro. As posições a serem levadas a Bogor por alguns participantes poderá ser conhecida esta semana, quando se reúnem os ministros de Economia da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático), em Chiang Mai (Tailândia). Texto Anterior: Leia alguns dos destaques de ontem da imprensa internacional: Próximo Texto: EUA têm planos de reconstrução do país Índice |
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