São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994
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Leila Lopes deixa recato de lado e vira ídolo do público masculino

MARCELO MIGLIACCIO
DA SUCURSAL DO RIO

Se como a despojada professorinha Lu de "Renascer" a atriz Leila Lopes já recebia dezenas de cartas por mês, imagine agora na pele da sensual Olívia de "Tropicaliente": são 120 correspondências mensais.
"Durante 'Renascer' muitas crianças e senhoras escreviam, mas agora chegam mais cartas de homens", constata Leila, lembrando os pedidos de casamento e os versos apaixonados que o carteiro tem lhe trazido.
Gaúcha de Esteio (21 quilômetros de Porto Alegre), ela diz que seus fãs chegam até a contar sonhos eróticos.
"Às vezes eles se desculpam no final e admitem que são desejos impossíveis", conta.
Mesmo com o abuso de alguns, ela responde a todas as cartas. No sábado retrasado, por exemplo, Leila ficou das 14h às 21h preparando respostas que serão enviadas a todas as partes do Brasil.
A maioria recebe fotos autografadas, mas alguns têm atenção maior.
"É uma troca de energia onde eu empresto um pouco da minha alma", diz a atriz, que há pouco tempo conseguiu frear o processo suicida de uma admiradora viciada em drogas.
Aos 25 anos, em sua terceira novela na Globo, Leila também já se acostumou a dar conselhos para meninas que querem seguir a carreira artística e a responder longos questionários sobre seus hábitos.
A disponibilidade para o assédio do público –mesmo nas ruas não nega dez minutos de prosa–, não se estende, entretanto, às revistas masculinas que já ofereceram milhares de dólares para que se despisse diante de uma câmera.
"Respeito quem faz, mas nunca posarei nua. Não teria coragem de voltar à minha cidade e encarar a família", afirma essa espírita, torcedora do Grêmio e filha de fazendeiro.
Mais difícil que convencê-la a exibir suas curvas só mesmo descobrir detalhes de sua vida pessoal e afetiva. Vivendo há cerca de dois anos com um endinheirado engenheiro, ela não conta mais nada.
Prefere falar das peças que sua produtora teatral, a LGL, está montando pelo Brasil, ou do curso de direção que vai fazer no ano que vem em Nova York, com o colega de novela Guga Coelho, o Pessoa.
À primeira vista, Leila parece querer fazer o tipo menininha comportada. A conversa vai passando e descobre-se que ela não está representando.
"Não tenho maldade. Se alguém quer puxar meu tapete eu só percebo se ele vier com um trator pra cima. Tem hora que acho que deveria ter mais malícia, mas é melhor ser assim.".
Leila é caseira. Pouco sai à noite, não bebe e não toma drogas. Sua maior transgressão são algumas baforadas num cigarro quando está relaxada depois de um dia de trabalho.
"Ela parece a Alice no País das Maravilhas", brinca a colega Branca de Camargo, a Stela de "Tropicaliente", satirizando o otimismo que a intérprete de Olívia exibe quase sempre.
Quase, porque Leila admite ser "ciumenta e possessiva" –atributos que ela não recomenda a nenhum homem que queira se envolver com uma atriz.
"É preciso ter equilíbrio de sentimentos e ser paciente, já que a profissão exige muito da gente", diz, fazendo frequentes juras de amor à arte.
"Sou apaixonada pelo meu trabalho. Todo o ator tem que ser assim. Se não tiver trabalho nas TVs, vou montar um grupo de teatro e sair por aí", garante.

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