São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 1994 |
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Metalúrgicos fecham acordo e sindicalistas cantam vitória
DA FOLHA ABCD Cerca de 62 mil metalúrgicos das montadoras do ABCD voltam ao trabalho hoje, após a greve que durou seis dias.O fim da paralisação foi decidido ontem, por volta das 12h, em assembléia realizada na porta do sindicato da categoria, em São Bernardo. Ficou decidido também que a greve continua nas empresas de autopeças até que seja estendido a seus trabalhadores o acordo firmado com as montadoras no último sábado, em reunião com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). A proposta, aprovada ontem por cerca de 8.000 metalúrgicos, foi a seguinte: abono equivalente a 59 horas e 30 minutos de trabalho, a ser pago no dia 5 de outubro e equalização salarial em novembro, data-base dos metalúrgicos de São Paulo. Por essa proposta, tudo que os metalúrgicos de São Paulo conseguirem negociar será repassado à categoria no ABCD, cuja data-base é em abril. Para evitar descontos, o acordo prevê ainda a reposição das horas paradas. A compensação é facultativa e será feita aos sábados com remuneração adicional de 50%. O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores) Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, disse que a categoria saiu fortalecida da greve. "Nós fizemos o governo sair de uma negociação na qual ele não deveria ter entrado." Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, Heiguiberto Navarro, o Guiba, os metalúrgicos marcaram um "golaço", pois mostraram que "há perdas salariais no Plano Real". O motivo da alegria, no entanto, é outro. Os metalúrgicos conseguiram na mesa de negociações muito mais do que imaginavam. Ao propor a reposição das horas paradas aos sábados, os trabalhadores ganharam o equivalente a 22 horas de serviço, já que uma hora trabalhada no sábado equivale a uma hora e meia. Quando o abono for pago e as horas paradas forem todas compensadas, os metalúrgicos receberão 81 horas e 30 minutos. Vicentinho disse que a CUT vai mobilizar outros setores. Ele citou como exemplos os trabalhadores da construção civil, os funcionários da Petrobrás, os bancários e os correios. "Essa mobilização toda só mostra que o Plano Real fracassou, que houve perdas salariais." Amanhã, Guiba vai a Brasília para levar a proposta à câmara setorial. "Nós não vamos abrir mão de maneira nenhuma do reajuste mensal automático." Texto Anterior: É neodirigismo, afirma Campos Próximo Texto: Autopeças permanece em greve Índice |
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