São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 1994 |
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Ron Brown e o Evidence constroem discurso político em "Dirt Road"
ANA FRANCISCA PONZIO
Como os coreógrafos americanos de sua geração, Brown recusa a dança como movimento puro. Sem descartar a fisicalidade, esses novos criadores vêm optando por um militantismo que discute racismo, preconceitos, medos e angústias da sociedade atual. Esta postura engajada resulta em espetáculos teatrais que, muitas vezes, associam textos falados ao discurso dos movimentos. Em Lyon, Brown e seu grupo estão apresentando o espetáculo "Dirt Road", que estreou no mês passado nos Estados Unidos. Ao som de uma colagem de gospels e música pop, "Dirt Road" fala da dificuldade de integração social, de perigos e injustiças. Os movimentos são audaciosos e arriscados e a coreografia se estrutura como um show de variedades. Ações episódicas e fragmentadas e a falta de um sentido literal não interferem na objetividade do conteúdo, que também ironiza o entertainment como forma de banalizar dramas e emoções. Além dos bailarinos, "Dirt Road" é interpretado por uma cantora de blues. Ligando algumas cenas, há uma drag queen no papel de mestre-de-cerimônias. Formado em 1985, o grupo Evidence reúne sete bailarinos, incluindo o coreógrafo. Nascido no bairro nova-iorquino do Brooklyn, Ron Brown estudou dança com Bessie Schonberg, considerada mãe da vanguarda americana dos anos 60. Brown também trabalhou com Jennifer Muller e Judith Jamison, atual diretora artística da Alvin Ailey American Dance Theater. Ele já criou mais de 30 coreografias que, em geral, começam a partir de ensaios e poesias de sua autoria. "Meus movimentos são orgânicos e muito dinâmicos, mas também se fundamentam em significados", resume o coreógrafo. Brown, que já se apresentou em mostras de dança realizadas no Teatro Espaço de Parati (RJ), espera voltar ao Brasil em breve. Texto Anterior: Espetáculo da Concertgebouw teve atmosfera de "apartheid" na rua Próximo Texto: "Juntatribo" acaba na segunda edição Índice |
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