São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 1994
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Primeiras-damas revelam preconceitos

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Três candidatas a primeira-dama do Estado de São Paulo revelaram ontem, durante entrevista na TV, seus preconceitos em relação ao homossexualismo e demonstraram dificuldades em aceitar eventual infidelidade do marido.
Participaram do programa "Mulheres", à tarde na CNT/Gazeta, Lila Covas, 62, Ana Carmem Munhoz, 35, Ana Maria Rossi, 47, e Maria Cecília Basile Resstom, 39.
Todas as candidatas a primeira-dama foram convidadas. Algumas delas, por problemas pessoais, não compareceram.
Quando perguntadas pela Folha sobre como reagiriam caso seus filhos manifestassem opção homossexual, as mulheres dos candidatos demonstraram que não gostariam que isso ocorresse em suas casas.
Primeira a responder, Maria Cecília, mulher do candidato Eduardo Resstom (PSC), disse inicialmente: "Não me preocupo com isso porque só tenho meninas".
Ao ser lembrada que existe homossexualismo feminino, meio sem graça, respondeu: "Nunca pensei nisso, pois entre as mulheres é mais camuflado. Me pergunte isso na próxima eleição". Maria Cecília tem três meninas de 7, 9 e 12 anos.
Ana Carmem Munhoz, mulher de Barros Munhoz (PMDB) e mãe de uma menina de 12 anos, disse que "sofreria muito", mas que daria apoio à filha. Logo em seguida, porém, ela revelou seu temor. "Peço a Deus que nos poupe."
Já Ana Maria Rossi, mulher de Francisco Rossi (PDT) e mãe de três filhos de 16, 21 e 25 anos, admitiu que seria "difícil de encarar". Mas disse que trataria o assunto com "amor e carinho" e que não abandonaria o filho.
Ela afirmou também que arrumaria apoio "médico e psicológico". Indagada pela Folha se considerava, então, o homossexualismo uma doença, Ana Maria disse: "Dizem que é uma doença, não sei".
Lila Covas, mulher do senador Mário Covas (PSDB), foi a única para a qual a questão não foi formulada. Mas sobre aborto, foi a única a defender sua legalização.
"Não condeno quem faz aborto. É uma decisão pessoal, da mulher, do casal, que deve ser feito com apoio e segurança. Há tantas mortes por causa disso", afirmou, ao se referir aos abortos clandestinos.
As quatro não cansaram de elogiar os maridos. Mas ficaram incomodadas quando indagadas sobre a hipótese de um dia descobrirem que o marido tem um filho com outra mulher.
"Isso jamais aconteceria. Eduardo é tão fiel, tem uma base tão sólida", disse Maria Cecília. Mesmo que fosse comprovado, ela "não acreditaria".
Lila Covas foi lacônica: "Não sei o que faria". Ana Munhoz afirmou: "Primeiro, perguntaria se havia acontecido antes ou depois de mim". Para Ana Rossi, seria "duro". "Mas como cristã, perdoaria."

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