São Paulo, domingo, 25 de setembro de 1994
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Empresa ganha com a saúde do funcionário

DENISE CHRISPIM MARIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresas brasileiras começam a se dar conta de que o sucesso de programas de qualidade e de aumento de produtividade depende das condições de saúde de seus funcionários.
Saúde, nesse contexto, não significa apenas assistência médica para tratamento de doenças. O termo está ligado a idéia de prevenção dos males e à melhoria da qualidade de vida.
"Os programas de qualidade se concentram nas relações entre fornecedor e cliente e se esquecem dos que produzem", afirma o cardiologista Paulo Pegado, 44.
Presidente da Adviser, consultoria empresarial especializada em programas de autogestão de saúde, Pegado defende a tese de que a motivação e produtividade das pessoas aumentam conforme elas adotam hábitos mais saudáveis.
Esse programa atinge cerca de 39 mil funcionários de empresas como a Shell, Mineração Rio do Norte, bancos Nacional, Sudameris e Unibanco.
O objetivo é fazer com que os profissionais se conscientizem de suas condições de saúde - se sofrem ou correm riscos de doenças - e mudem seus hábitos.
A vantagem de um programa de autogestão de saúde não estaria, segundo Pegado, só no aumento da produtividade decorrente.
Uma empresa do mercado financeiro com 18 mil funcionários, por exemplo, apresentou redução de 40% nos gastos com assistência médica desde a implantação do programa, em 92.
Desde essa época, diz ele, 33% dos funcionários se capacitaram para controlar o estresse e 50% trocaram a rotina sedentária por atividades físicas (veja quadro abaixo).
Em uma primeira etapa, a equipe de saúde da empresa inclui no exame médico periódico uma entrevista com cada funcionário.
São formuladas questões sobre hábitos alimentares, prática de exercícios físicos, tendências genéticas, carga e ambiente de trabalho e estresse .
As respostas são confidenciais e anotadas em "notebooks", impressas e entregues ao entrevistado, com dicas para a melhoria de sua qualidade de vida.
Ao final da pesquisa, a empresa recebe relatórios estatísticos, que apontam os riscos de saúde dos funcionários de forma global.
A adoação das sugestões –como diminuir o consumo de alimentos gordurosos, dedicar uma hora por dia para caminhadas, procurar um médico para controle da hipertensão– é uma decisão que compete apenas ao empregado.
Em uma segunda fase, a empresa intervém, por meio de seminários sobre hábitos saudáveis, doenças genéticas e cardiovasculares, controle do estresse.
O processo pode ser complementado com orientação e acompanhamento médico e de profissionais de nutrição e educação física.
Nessa etapa, é essencial que o funcionário dê sugestões. Horários flexíveis na jornada de trabalho que permitam a prática de exercícios, por exemplo, podem ser uma alternativa positiva.
"O que não adianta é montar uma academia de ginástica dentro da empresa ou obrigar os funcionários a frequentá-la", alerta Pegado.

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